21 fev, 2025 - 18:42 • Redação
Reforçar laços através da música. É a proposta do "Mundi", um projeto da Casa da Música, que une imigrantes para criar, em conjunto, sons, melodias e letras.
O coordenador do serviço educativo da Casa da Música, Jorge Prendas, conta que o projeto reflete a realidade da imigração em Portugal.
"A ideia surgiu um pouco em função daquilo que é uma realidade que nós todos nos apercebemos e que vivemos: o grande crescimento do número de imigrantes em Portugal."
"A Casa da Música olha lá para fora e vê que existe essa realidade. E, como tal, tem de pensar como é que pode acolher essas pessoas e lhes dizer que esta casa também é delas", acrescenta.
O projeto, que teve início a 20 de janeiro, recebe todas as segundas-feiras, no edifício da Rotunda da Boavista, de forma gratuita, os quatro cantos do mundo. Entre os quase 70 inscritos estão, na maioria, brasileiros, mas também há elementos de outros países latino-americanos, ingleses, ucranianos, russos e norte-americanos.
O "Mundi" tem inscrições abertas até atingir limite de 80 pessoas.
Neste projeto, todos os imigrantes são convidados a explorar a expressão musical sem qualquer barreira. Do canto até à percussão, os participantes criam sonoridades originais, sem precisar de ter o mínimo conhecimento prévio de música.
Alexandre Curopos, um dos formadores do "Mundi", conta que "muitas destas pessoas nunca tocaram um instrumento, algumas tocaram há 10 anos e estão a recuperar esse contacto".
"É da nossa responsabilidade, Casa da Música, Porto, eu que sou português, termos projetos que façam com que as pessoas que venham de outros sítios se sintam acolhidas, sintam que Portugal as acolhe bem", afirma o formador, que enfatiza a componente inclusiva da iniciativa.
Para o "Mundi", a música é uma linguagem universal que apaga as barreiras linguísticas e culturais. "As culturas são diferentes, mas a música é uma só", reflete Gutti Mendes, co-formador do projeto - e ele próprio imigrante brasileiro a viver há seis anos em Portugal.
Mendes considera ainda que a música é maior do que as diferenças e, por isso, este espaço faz-se "mágico" para os participantes. "Eu sou um cara que falo mal inglês, mas eu consigo me comunicar com a minha guitarra. [Com a música] nós conseguimos resolver as nossas dificuldades de compreensão", aponta o músico.
Jorge Prendas afirma que, numa primeira fase, o importante "é criar um grupo coeso, um grupo regular" que, em conjunto com os formadores, "comecem a descobrir a música e que música é que podem fazer, uma música original e que possa ir ao encontro daquilo que é também a vontade de todos os participantes. No fundo, o trabalho que está a ser feito é de criação de pilares para aquilo que o 'Mundi' poderá ser no futuro".
Apesar de ser um projeto recente, já há perspectivas para um futuro próximo. "Temos uma única meta, que é o espetáculo que vai acontecer dia 7 de julho, o Sonópolis", explica Alexandre Curopos. Este espetáculo encerra um curso de formação musical organizado pela Casa da Música e será palco da primeira exibição da banda criada com os participantes no projeto "Mundi.