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Entrevista Renascença

‘Dissidente’ Tó Trips diz que a música salvou-o da "lama antidemocrática”

05 mar, 2025 - 15:20 • Maria João Costa

O guitarrista tem novo disco. “Dissidente” sai hoje e é o primeiro disco de Tó Trips gravado em quarteto. O músico tem concerto de estreia a 29 de março no Cine-Teatro de Amarante. Em entrevista ao Ensaio Geral, diz que vivemos hoje tempos de "sombra" e mostra-se preocupado com o atual estado do mundo.

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O som da guitarra não engana. É de Tó Trips, o músico que tem novo disco em nome próprio. “Dissidente” é um álbum que o guitarrista gravou, pela primeira, em quarteto. Conta com Alexandre Frazão na bateria, António Quintino no contrabaixo e Helena Espvall no violoncelo, que, com ele, compõem os ‘Fake Latinos’.

Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, Tó Trips revela que queria que este disco tivesse um “lado mais de Jazz” do que o anterior. “O último disco, Popular Jaguar, tinha sido gravado sozinho e com alguns convidados como António Quintino, Helena Espvall e desta vez decidi gravar de raiz logo com eles e com o Alexandre Frazão”.

Além destes músicos, o disco tem também “dois convidados”, diz Trips. “O Luís Cunha no trompete e o João Cabrita no saxofone participam em dois temas”, explica o compositor.

Tó Trips diz que continua numa permanente “inquietação” quando pega na guitarra e gosta de explorar todas as possibilidades musicais que o instrumento dá. “Dissidente” é não só o nome do disco, mas também da sua forma de estar na vida e na música, admite.

“Desde miúdo que comecei a ouvir música e a música teve um papel importante na minha vida, nesse aspeto de dissidência em relação a muitas coisas. A música deu-me a oportunidade de conhecer pessoas de vários géneros, de várias culturas, de várias cores, vários pensamentos e várias religiões”.

“É muito à conta da música que não me deixei levar pela lama que passa à nossa frente todos os dias, essa lama antidemocrática”.

Por isso, Tó Trips, um dos elementos vitais dos já desaparecidos Dead Combo, diz que sente sempre necessidade de “procurar coisas diferentes e não as coisas standards”. Assume-se como um “dissidente” quer “na indústria discográfica”, quer “na vida”.

É com este olhar fora da caixa que Tó Trips reflete sobre o tempo presente e se manifesta preocupado como o que diz serem tempos “bastante escuros”.

“Eu já tenho uma certa idade, mas o que me preocupa mais é a geração dos meus filhos e a malta mais nova. Gostava que o mundo fosse um lugar melhor para eles”, afirma

No entanto, o músico admite que “se calhar, às vezes, é preciso haver este tipo de crises para que as pessoas perceberem que a liberdade não é uma coisa adquirida. É uma coisa que tem de se lutar por ela todos os dias”, conclui.

O primeiro single do disco chama-se “Fiesta Triste”. “Foi o último tema que gravamos, porque eu achava que faltava no disco um tema mais mexido”, explica o músico.

Tó Trips conta que no disco há também um tema que recorda alguns amigos e companheiros de carreira, como Pedro Gonçalves dos Dead Combo que já não estão entre nós.

“É lógico que sinto a ausência do Pedro como músico, companheiro, camarada e amigo. O disco tem um tema sobre os meus amigos fantasmas que tem a ver com esse lado de perca das pessoas. Cada vez que passo naquelas ruas de Lisboa, a cidade em que nasci, está cheia de fantasmas. São os sítios, os espaços, as pessoas que eu conheci e que já cá não estão”, explica.

Sobre a sua sonoridade, Tó Trips reconhece que procura “sempre conhecer outras formas de tocar guitarra, com outras afinações”, contudo, reconhece o seu som. “Tenho a minha identidade, a minha pegada como guitarrista. Neste disco, qualquer pessoa que o ouça percebe que sou eu”.

Quem queira ouvir ao vivo este novo disco, Tó Trips tem já concertos agendados. O de estreia será a 29 de março no Cine-Teatro de Amarante, depois a 31 de março sobre ao palco do Teatro Maria Matos, em Lisboa e dia 28 de maio estará na Casa da Musica, no Porto

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