05 mar, 2025 - 15:31 • Redação
A Colossal, empresa norte-americana de biotecnologia, criou um rato geneticamente modificado que se assemelha ao mamute, avança o jornal The Telegraph. A empresa visa trazer de volta a espécie extinguida.
Com o pelo longo e dourado, poder-se-ia pensar que se trata de uma espécie de hamster exótico proveniente dos desertos da Síria. Contudo, é o primeiro “rato felpudo”, produzido em laboratório para apresentar características de mamute, nomeadamente a densidade do pelo e a habilidade de resistir ao frio.
“Fiquei surpreendida com o quão adoráveis são”, disse a Dr. Beth Shapiro, diretora científica da Colossal.
Para criar estes animais, os cientistas estudaram a informação genética (genoma) de dezenas de mamutes. Descobriram que o ADN da espécie é diferente do dos elefantes modernos. Identificaram ainda quais são os genes que dão origem ao pelo denso e macio e à capacidade de resistir ao frio.
Identificados esses genes, a equipa de investigadores precisou de listar aqueles que também estão presentes nos ratos. Acabaram por descobrir 10 genes que se cruzam nas duas espécies e que estão relacionados com o comprimento, espessura, textura e cor do pelo, bem como com o metabolismo.
Posteriormente, os cientistas fizeram oito edições do genoma do rato, para modificar sete genes. As mudanças recaíram sobre os genes responsáveis pelas qualidades do pelo, que passou a crescer três vezes mais rápido, a apresentar uma textura densa e ondulada e um tom dourado, mais próximo ao do mamute.
Os ratos são um teste para descobrir que alterações são necessárias fazer ao genoma do elefante para trazer de volta o mamute, um objetivo que a empresa Colossal estabeleceu até ao final da década.
A Dr. Shapiro explica: “É preciso dizer - ‘Ok, então quais destes genes são os que eu precisaria de alterar se quisesse pegar numa célula de elefante asiático e alterá-la geneticamente de modo a que se transforme num mamute ou tenha traços semelhantes aos do mamute?’”.
“Aqui surge um problema. Os elefantes têm uma gestação de 22 meses e demoram mais de uma década a atingir a maturidade sexual, o que não é favorável ao teste científico.”
“Os nossos ratos mamutes, no entanto, têm uma gestação de 20 dias, e são mamíferos, então, apesar de existir uma diferença de 200 milhões de anos entre eles [o rato e o mamute], ainda existem semelhanças nos seus genomas”, continua.
Alguns especialistas esperam que o sucesso das mudanças genéticas possa contribuir para a preservação de espécies à medida que o clima se altera, ajudando os animais a sobreviver em climas mais frios ou mais quentes.
Cientistas britânicos dizem que a nova experiência é uma boa oportunidade para testar ideias acerca de espécies extintas, mas alertam para os problemas éticos que daí podem surgir.
“Quantas fêmeas elefante teriam de passar por gravidezes experimentais para dar à luz um ‘elefante felpudo’?”, questiona Dusko Ilic, professor na universidade King´s College, em Londres.