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Germano Almeida acusa Leya de inventar caso e abandona grupo

12 mar, 2025 - 15:47 • Lusa

Escritor cabo-verdiano queixa-se de "prepotência" da administração do grupo ao travar a publicação do seu último livro com uma "invenção", sem o ouvir.

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O escritor cabo-verdiano Germano Almeida, prémio Camões, disse esta quarta-feira à Lusa que abandonou a editorial Caminho, queixando-se de "prepotência" da administração do grupo Leya ao travar a publicação do seu último livro com uma "invenção", sem o ouvir.

"Havia duas pessoas a quem mandei o PDF e o que a Leya disse é que uma delas tinha denunciado a situação, dizendo que ia a tribunal. As duas pessoas negam", referiu o autor, sobre o ficheiro com o "Crime nas Correntes d"Escritas", livro em tom de "homenagem e brincadeira" ao encontro anual de escritores, na Póvoa de Varzim.

"O Aurelino [Costa] já tinha negado e a Tânia Ganho foi confrontada pelo [semanário] Expresso e também nega ter feito isto, portanto, temos de concluir que foi uma invenção da Leya", acrescentou.

"Sem dúvida que é um ato de prepotência, sobretudo porque não tive oportunidade de ser ouvido para explicar minimamente a razão do livro e, eventualmente, fazer alguma mudança que as pessoas em questão pudessem exigir", acrescentou Germano Almeida.

"Tratava-se de um livro de homenagem e brincadeira, de forma nenhuma pretendia ofender fosse quem fosse", referiu.

Germano Almeida anunciou que vai publicar o livro em Cabo Verde, pela Ilhéu Editora, de que é sócio juntamente com a mulher e com Ana Cordeiro, esperando que o lançamento possa acontecer em breve.

Sobre o caso, não tenciona tomar outras diligências, mesmo questionado sobre o facto de ter recebido o Prémio Camões (em 2018): "A administração da Leya sabe, se eles não tiveram consideração [pela distinção], não vou ser eu a exigir que eles a tenham, não fazia sentido nenhum".

Além de "Crime nas Correntes d"Escritas", a Ilhéu prepara-se para publicar outra obra em que Ana Cordeiro surge como entrevistadora de Germano Almeida.

"A entrevista cresceu imenso" e poderá dar origem "a dois volumes", cujo primeiro já esteve previsto para o final do ano, mas poderá levar mais tempo.

"Aproveito a entrevista para contar histórias da [ilha da] Boa Vista", sem ser "uma autobiografia", disse à Lusa.

É uma obra que nasce "pelo prazer" de "contar histórias" de que Germano Almeida diz reter "boa memória".

A Leya referiu à Lusa, na segunda-feira, que decidiu suspender a edição do livro "Crime nas Correntes d"Escritas", depois de aconselhada por advogados, face a "ameaças de processo judicial" por pessoas que se sentirem "invadidas e agredidas pela forma como são tratadas".

O livro conta uma história ficcionada, em que as personagens são participantes reais do encontro de escritores, com os seus próprios nomes, sobre o desaparecimento, alegadamente por roubo, de um manuscrito original de Mário Zambujal.

A narrativa centra-se numa investigação levada a cabo pelo próprio romancista e pelo poeta poveiro Aurelino Costa, participante de sempre nas Correntes, para descobrirem o presumível ladrão.

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