13 mar, 2025 - 17:18 • Maria João Costa
“Arte Britânica – Ponto de Fuga” é a exposição que abre sexta-feira no edifício sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e que mostra, pela primeira vez, em diálogo as duas maiores coleções institucionais de arte britânica em Portugal, a Coleção do Centro de Arte Moderna (CAM) e a Coleção Berardo.
A exposição levou “três anos” a ser posta de pé, disse na apresentação a curadora que representa a Coleção Berardo. Rita Lougares explica que, “primeiro, as obras da coleção Berardo não estavam disponíveis” e só passado este tempo foi possível concretizar o projeto.
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A mostra reúne mais de 100 peças, 46 obras da Coleção do CAM e 34 obras da Coleção Berardo que estão em depósito no Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém, algumas delas nunca expostas.
A exposição integra também peças de outras coleções nacionais e internacionais, algumas das quais provenientes do Reino Unido e França que espelham os intercâmbios culturais que existiam.
Até 21 de julho são mostrados trabalhos de 75 artistas, entre eles oito artistas portugueses que, com o apoio da Gulbenkian, procuraram formação e, em alguns casos, fixaram residência em Londres, como Paula Rego, Bartolomeu Cid dos Santos, Menez, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Graça Pereira Coutinho, João Penalva e Rui Sanches.
Nesta exposição, que tem também como curadora Ana Vasconcelos, da Gulbenkian, as obras dos artistas nacionais são cruzadas com as de artistas estrangeiros. Entre eles estão nomes como Antony Gormley, Bridget Riley, David Hockney, Francis Bacon, Frank Auerbach, Marc Quinn ou Rachel Whiteread, entre outros.
Londres foi a cidade onde muitos destes criadores se cruzaram e com isso influenciaram-se mutuamente. Essas linhas de interceção são colocadas em evidência nesta exposição.
Ana Vasconcelos explica à Renascença que para os artistas “ir para um sítio onde são acolhidos é uma felicidade total”. Londres era um “sítio que os estimulava e que os deixava trabalhar e que lhes permitia desenvolverem o seu trabalho, aumentarem as suas capacidades artísticas”.
Vasconcelos sublinha que nem todos os artistas eram “refugiados”, alguns fugiam de guerras ou de situações políticas complexas, mas houve quem fosse para Londres para ampliar a sua arte por vontade própria.
A exposição, que tem coordenação científica de Sarah MacDougall, da Ben Uri Foundation, explora por isso diálogos entre artistas do Reino Unido e outros de diversas origens que se estabeleceram naquele país.
“Portugal nessa altura não oferecia, de facto, as mesmas condições e o mesmo estímulo”, sublinha a curadora Ana Vasconcelos ao lado de um quadro inicial da carreira de Paula Rego, uma das artistas que viajou para Londres e obteve uma bolsa Gulbenkian.
Na exposição poderá ver, até abril, o quadro “Renaissance Head”, de David Hockney, que pertence ao acervo do CAM. O quadro viajará depois para Paris, para uma exposição na Fundação Louis Vitton, a pedido do artista.
O quadro será então substituído a meio da exposição, por outra obra que o artista britânico facultou para estar em Lisboa.
Em “Arte Britânica” o público pode também apreciar um quadro de J. M. W. Turner, que está colocado ao lado de uma obra que retrata o mar ao luar da autoria de Henry Moore. Contudo, explica Sarah MacDougall, este Henry Moore nasceu em York, em 1831, e não se trata do escultor Henry Moore, nascido em Castleford anos mais tarde, em 1897.
Ao público as duas peças dos dois Henry Moore são mostradas frente-a-frente. “Luar no Mar” é uma peça do acervo do Museu Calouste Gulbenkian, já a escultura “Figura com fios” pertence ao espólio da Coleção Berardo.
A enriquecer esta exposição estão também vários empréstimos internacionais e nacionais, entre eles obras de W. R. Sickert do Museu de Belas-Artes, de Rouen ou pinturas de Alfred Wolmark e Mark Gertler provenientes de coleções privadas.
A exposição que encerra à terça-feira está aberta ao público entre as 10h00 e as 18h000 e ao sábado até às 21h00.