21 mar, 2025 - 12:16 • Maria João Costa
O Centro Cultural de Belém (CCB) acolhe este sábado um dia dedicado à poesia. As duas poetas, Filipa Leal e Maria do Rosário Pedreira são as curadoras da iniciativa com entrada gratuita e na qual está prevista uma homenagem a Nuno Júdice.
Será um momento “com algum material inédito e algumas surpresas”, desvenda Filipa Leal sobre esta homenagem a Nuno Júdice que decorre a partir das 14h30 na Sala Almada Negreiros.
Esta evocação da vida e obra de Nuno Júdice contará com a exibição de um filme de Teresa Júdice com imagens inéditas do poeta que morreu em março do ano passado.
Na iniciativa participam Helena Amaral, Luís Filipe Castro Mendes, Ricardo Marques e Rita Taborda Duarte e haverá leitura com Raquel Marinho.
Ao longo do dia no CCB será também exibida uma “instalação de vídeo que vai contar com cerca de 40 poetas contemporâneos de língua portuguesa de diversas gerações”, indica Filipa Leal. “Gravaram poemas seus e vamos poder escutá-los nas suas próprias vozes”, explica a poeta.
Entre as iniciativas haverá “um atelier de ilustração para os mais novos” avança Filipa Leal. O atelier “Um Fio de Poemas” decorre às 11h30 e às 14h30 e conta com a ilustradora Rachel Caiano.
“Vamos sujar as mãos e construir um livro em harmónio, cheio de poemas e ilustrações poéticas”, explica o programa sobre esta iniciativa que tem como ponto de partida uma seleção de poemas, escolhidos pela ilustradora.
Haverá também um podcast em que o visitante é desafiado a “levar um poema e lê-lo com Inês Maria Meneses”, diz Filipa Leal. Esta iniciativa decorre entre as 14h e as 18h na Sala de Leitura. Antes a autora e radialista Inês Maria Meneses promove uma conversa com as curadoras Filipa Leal e Maria do Rosário Pedreira.
Os atores Beatriz Brás, Cucha Carvalheiro, Flávia Gusmão e Luís Lucas participam numa evocação de vozes da poesia recentemente desaparecidos. Será lida uma seleção de textos, entre outros, de poetas como Maria Teresa Horta e Adília Lopes a partir das 16h.
“Não vamos esquecer os poetas que não perdemos e que não perderemos num recital feito por atores também de várias gerações”, indica Filipa Leal que explica que o dia contará também com a fadista Aldina Duarte que “estará lá para falar da poesia no fado”, a partir das 17h30 na Sala Luís de Freitas Branco.
Ao longo do dia há uma Feira do Livro e Filipa Leal destaca ainda “um recital com concessão e seleção de textos de João Gesta, reconhecidíssimo programador de recitais de poesia” que acontece a partir das 19h na Sala Sophia de Mello Breyner Andresen
Quem são as vozes femininas da poesia portuguesa contemporânea? A resposta está num livro recentemente publicado intitulado “Poesia, Substantivo feminino” que reúne 25 poetas nascidas depois do 25 de Abril.
É um livro onde constam nomes como Marta Chaves, Cláudia Lucas Chéu, Cláudia R. Sampaio ou Gisela Casimiro. A reunião de textos é de Manuel Alberto Valente. O antigo editor da Porto Editora confessa que desde que se reformou tem mais tempo.
“Um editor muitas vezes não tem tempo para ler aquilo que quer ler”, diz Valente. “Quando me afastei da vida editorial, a primeira coisa que quis fazer foi conhecer a mais jovem poesia portuguesa”, explica o também poeta.
Segundo Manuel Alberto Valente, muitas destas poetas “são publicadas em pequenas editoras que não têm distribuição e não aparecem nas livrarias”. Por isso resolveu reunir, aquelas que quiseram participar, nesta antologia agora editada pela Dom Quixote.
Dedicado à memória de Ana Luísa Amaral e a Maria Quintans este livro das 25 poetas nascidas depois do 25 de Abril está organizado de forma cronologia seguindo a data de nascimento das autoras
Os poemas reunidos espelham o legado das poetas que escreveram em ditadura. “As vozes são muito diferentes. Fiz uma antologia que tentasse dar a diversidade das vozes que encontramos hoje na jovem poesia de mulheres. Há uma coisa que salta em muitos poetas é que aquela poesia só poderia ser escrita, porque foi escrita em liberdade”.
O livro tem a particularidade se juntar não só poetas nascidas em Portugal, como autoras que escrevem em língua portuguesa. “Nenhuma antologia é perfeita; que sirva ao menos de ponto de partida para um maior conhecimento das mulheres poetas portuguesas, no momento em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril”, escreve Manuel Alberto Valente na breve explicação inicial do livro.