24 mar, 2025 - 16:11 • Maria João Costa
Num ano em que a Trienal de Arquitetura de Lisboa se interroga sobre “Quão pesada é uma cidade?” e olha o futuro do homem no planeta em várias exposições, a ministra da Cultura defende uma maior intervenção dos arquitetos nas cidades portuguesas.
Na apresentação, esta segunda-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, Dalila Rodrigues disse: “As nossas cidades precisam muito da intervenção dos arquitetos, porque a construção de má qualidade continua a desviar as cidades de um gosto clássico que as tem caraterizado”.
Para a governante é importante defender a prática da arquitetura e também encontrar mais financiamento para a Trienal de Arquitetura que decorre de 2 de outubro a 8 de dezembro em Lisboa.
“A Trienal de Arquitetura deve ser reforçada de um ponto de vista dos fundos públicos de que dispõe para a sua atividade. Mas fundamentalmente o que é necessário é trabalho para os arquitetos”, apontou Dalila Rodrigues aos jornalistas.
Também à margem da apresentação, o presidente da Trienal, o arquiteto José Mateus explicou à imprensa que montar o evento “é um trabalho absolutamente brutal” do ponto de vista financeiro.
“É feito com um trabalho imenso e níveis de risco muito grandes. Felizmente a Trienal tem contas auditadas e tem conseguido evitado o colapso financeiro. Mas tem sido feito um trabalho muito à custa de acreditarmos que a Trienal é uma instituição com interesse público muito grande e continuarmos a trabalhar com dificuldades imensas ano após ano”, indicou José Mateus.
À procura de respostas para perguntas como “O que é a cidade de hoje?” ou “Como é que vivemos nela?” que a Trienal de Arquitetura se apresenta para a sua sétima edição que começa a 2 de outubro com três novas exposições.
Com a curadoria da dupla de arquitetos Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino da Territorial Agency, o MAC CCB, o MUDE e o MAAT acolhem as grandes exposições deste ano.
Todas as exposições terão desenho expositivo de Fernando Brízio, procurando assim unificar a imagem destas mostras, explicou na apresentação José Mateus. No MAAT Central-Tejo será apresentada a exposição “Fluxes”.
“Concentra-se nas intersecções entre os espaços artificiais – os vastos fluxos de materiais, energia e informação que sustentam a humanidade – e os frágeis e complexos ciclos da Terra viva”, lê-se no programa da Trienal sobre esta mostra.
“Spectres” é a exposição que terá lugar no MUDE – Museu do Design e “foca-se nas tecnologias de imagem necessárias para compreender o impacto dos espaços humanos no planeta e a forma como estas ecoam a estruturas imperiais e coloniais de extração de recursos e poder”, explica o programa.
Por fim, o MAC CCB vai receber “Lighter”, outra exposição que olha para as questões ambientais como a água, a energia, os combustíveis e o futuro do planeta.
Além das exposições, a Trienal terá um ciclo de conferências. “TAlk, Talk, Talk” conta com a curadoria de Filipa Ramos decorre de 29 a 31 de outubro na Fundação Calouste Gulbenkian.
Este ano a Trienal vai atribuir o prémios “Début” para o qual deu hoje a conhecer 20 finalistas, entre eles os portugueses “Atelier Local” e “JQTS”. Haverá também um Prémio Universidades e o Prémio Carreira.
A partir desta edição os vencedores dos prémios receberão um galardão desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira. Trata-se de uma peça em mármore português de Estremoz, produzida a partir de restos que são considerados desperdício.
“Esta peça é baseada na ideia da arquitetura. Partida de uma roca de mármore de Estremoz, um dos seus lados conserva a textura rústica da pedra. E depois, a geometria, isto é, a arquitetura”, diz Siza Vieira. É uma pedra branca escavada de onde “surge a arquitetura a partir de um material natural”, indica o Prémio Priztker.