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Arquipélago, o Centro de Artes que há 10 anos mudou os Açores

28 mar, 2025 - 17:58 • Maria João Costa

O aniversário do Arquipélago – o Centro de Artes Contemporâneas – em São Miguel é assinalado com um concerto de apresentação do novo disco do André Rosinha Trio e a abertura da exposição “Espaços Transitórios”. Mas a festa vai prolongar-se durante o ano.

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O Arquipélago, o Centro de Artes Contemporâneas, em São Miguel, nos Açores, celebra no sábado uma década de vida. Foram 10 anos em que a vida cultural mudou naquela ilha, reconhece o diretor.

Em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença, Ricardo Esperanço refere que, quando surgiu aquele equipamento, “também começaram a surgir agentes culturais, alguns que viviam na ilha, outros que regressam à ilha”.

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Este equipamento, que foi ocupar e transformar o edifício de uma antiga fábrica de álcool, inaugura uma exposição que marca os 10 anos. “Espaços Transitórios” é uma mostra que “procura refletir sobre lugares em trânsito, em potência, passíveis de criar possibilidades”, explica Ricardo Esperanço.

É uma exposição que tenta, por isso, “também refletir sobre este centro de artes”, diz o diretor, que indica que se trata de uma mostra que “dialoga com obras da Coleção Arquipélago, obras do Museu Carlos Machado, congénere em Ponta Delgada e também tem a colaboração da Biblioteca Regional de Ponta Delgada”.

Esta é, nesse sentido, uma exposição que fala sobre a memória. “É neste jogo de espaços em transição, de espaços reconvertidos, de memória que esta exposição se faz”, destaca Esperanço.

Neste mesmo dia de aniversário em que inaugura, às 16h00, a exposição, o Arquipélago, na Ribeira Grande, recebe, às 18h00 um concerto de apresentação do novo álbum, “Raiz”, de André Rosinha Trio.

Composto por João Paulo Esteves da Silva no piano, Marcos Cavaleiro na bateria e André Rosinha no contrabaixo, o trio tem espetáculo marcado para a Blackbox do Arquipélago. Trata-se do terceiro disco do agrupamento que explora a fusão entre o jazz, o improviso e a música tradicional portuguesa.

Um ano em festa

O aniversário do Arquipélago não se reduz à exposição que agora inauguram. Ao longo deste ano haverá outros momentos na programação que assinalam uma década de vida deste equipamento cultural.

“Acolhemos quatro projetos apoiados pela DG Artes, dentro da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea, à qual pertencemos”, avança Ricardo Esperanço. O diretor destaca, contudo, uma exposição que vão acolher em julho, da artista Lourdes Castro.

“Será um momento bastante alto da nossa programação, obviamente, por ser a Lourdes Castro, pela dimensão que a exposição também terá e a visibilidade que o Arquipélago terá face a isso.”

Esta é uma exposição antológica que já esteve patente no MUDAS, o Museu de Arte Contemporânea da Madeira e que no Arquipélago contará com uma edição revista e ampliada.

Em 10 anos, há quem ainda não tenha entrado no Arquipélago

Se é verdade, como diz Ricardo Esperanço, que o Arquipélago fez nascer novos agentes culturais na ilha de São Miguel, não deixa também de ser verdade que há ainda quem na ilha não tenha entrado neste edifício projetado pelo atelier Menos é Mais Arquitetos, em conjunto com o arquiteto João Mendes Ribeiro.

“O edifício em si é intimidante”, refere diretor, que lamenta que haja “pessoas que gostam muito de o visitar, pelo lado arquitetónico, é óbvio porque também ganhou alguns prémios, e foi menção de outros, mas há outras, e sobretudo aqui da comunidade local da Ribeira Grande, que ainda não se atrevem a entrar no Arquipélago”.

“Gostaria muito de estudar este fenómeno”, admite Ricardo Esperanço, que lembra que o “envolvimento entre os agentes culturais que surgem, e um equipamento para dar resposta a este desejo de criar cultura nos Açores, é uma simbiose perfeita”.

Mas a insularidade tem os seus custos, admite o diretor do Arquipélago, que sente, sobretudo nos últimos tempos, o encarecer das deslocações. “Às vezes, nem sempre é fácil, por falta de financiamento”, lamenta.

“As coisas atualmente estão bastante mais caras. Vir a São Miguel, tornou-se muito mais dispendioso acolher artistas, e quando falamos em espetáculos como teatro, e inclusive mesmo alguns concertos, são difíceis de conseguir trazer e de proporcionar ao público, pelo elevado orçamento que isso envolve”, lamenta.

No entanto, o diretor reconhece que “a verdade é que o Arquipélago tem feito caminho”. “No início era muito mais fechado sobre si, mas com o tempo tem vindo a abrir-se à comunidade, com muitas propostas, projetos e tem trilhado caminho juntamente com outras associações”.

“A missão do Arquipélago não se restringe apenas a uma cultura regional e local, procura ampliar a sua missão a nível nacional e internacional, e tem tentado fazer isso ao longo dos anos”, remata Ricardo Esperanço.

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