07 abr, 2025 - 16:43 • Maria João Costa
A Expo de Osaka, no Japão, que abre dia 13 de abril ao público, é um “mar de oportunidades” do ponto de vista económico para Portugal. A indicação é avançada pelo presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Questionado pela Renascença sobre as mudanças no comércio internacional devido ao aumento das tarifas decretado pela administração de Donald Trump, Ricardo Arroja lembra que o nosso país tem “uma pequena economia muito aberta ao exterior”.
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Segundo o presidente do AICEP, Portugal tem “uma economia que procura projetar-se com base em princípios de bonomia, amizade, abertura” e que procura “aproveitar também, de forma inteligente, as tendências mundiais”.
“Estamos interessadíssimos em fomentar a nossa ligação ao continente asiático e esta é uma oportunidade para o fazer. O Japão encerra o mar da oportunidades”, remata Arroja à margem da apresentação da participação na exposição mundial. O presidente da AICEP considerou que o “Japão serve de alavanca à presença na Ásia”.
Durante a conferência, o responsável da AICEP indicou que nos últimos 10 anos verificou-se um aumento do investimento japonês em Portugal. “Cresceu 10% ao ano”, confirmou Ricardo Arroja. “O objetivo é deixar de estar no 31.º lugar e entrar no Top 10”, ambiciona o responsável, que também espera que isso se traduza nas exportações.
Ao longo de 184 dias de participação portuguesa na Expo de Osaka, que decorre até 13 de outubro, Portugal vai, não só promover programação cultural, como apostar na dimensão económica.
Numa participação que tem como tema “Oceano, Diálogo Azul”, Portugal vai promover quatro seminários em Tóquio. Um deles, a 22 de maio, sobre Mobilidade; outro a 1 de julho sobre Ciências da Vida; em agosto o seminário será sobre o tema da Defesa onde o nosso país irá apresentar “as competências nacionais neste âmbito”, destacando o trabalho na área da “sustentabilidade na Aeronáutica, no Espaço e na Defesa”. O último seminário decorre a 24 de setembro e será sobre Economia Azul.
Ainda em junho, de 18 a 20, será levada às cidades de Nagoya, Tóquio e Osaka uma “missão de startups”, com empresas emergentes para contato com o mercado nipónico. Os participantes terão acesso a um programa personalizado, com o apoio de um consultor japonês dedicado, reuniões selecionadas com potenciais clientes e parceiros”, diz a AICEP.
Atualmente, segundo dados da AICEP, há cerca de mil empresas portuguesas a exportar para o Japão. “O objetivo é crescer muito para além desse número”, referiu Ricardo Arroja aos jornalistas. O responsável espera fazer do Japão “uma base para a exportação portuguesa, mas também da internacionalização das empresas portuguesas”.
Agricultura, indústria, tecnologia, energia e ciência são as áreas em que as empresas japonesas apostam na economia portuguesa. “Neste momento existe em Portugal um stock de investimento direto japonês de 600 milhões de euros”, referiu o presidente da AICEP, que espera que venha a crescer “assim haja um bom conhecimento de Portugal no Japão”.
Portugal foi um dos cinco países europeus cujo pavilhão estava pronto, no domingo, para o dia da pré-inauguração da Expo Osaka, disse na apresentação a comissária Joana Gomes Cardoso, numa ligação remota a partir do Japão.
“Tivemos pela primeira vez visitantes. Houve 45 mil convidados na Expo e tivemos duas mil pessoas em quatro horas”. As contas são da comissária que fala do “impacto estético do pavilhão” que surpreendeu os visitantes.
“Estamos otimistas e confiantes”, diz Joana Gomes Cardoso quanto à abertura a 13 de abril. Já o diretor do pavilhão português, Bernardo Amaral, explica que fizeram um inquérito os visitantes do dia zero e estes mostraram-se agradados com a arquitetura do pavilhão projetado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma e os conteúdos.
Nesta Expo estão presentes 166 países e Portugal apresenta-se com um pavilhão que estima receber 1,2 milhões de visitantes. São mais de mil metros quadrados de área, num lote “situado perto do Pavilhão do Japão”, indicou Ricardo Arroja.
Segundo o presidente da AICEP, o edifício é composto por “10 mil cordas suspensas” fazendo uma ligação direta ao tema dos oceanos. No interior uma exposição sobre a ligação entre Portugal e Japão, e na zona exterior haverá espaço para a atuação de músicos.
Além de uma loja com produtos de promoção da presença portuguesa, o pavilhão vai ter também um restaurante que se chamará "Tasca" e que terá um chefe português em permanência, cujo nome é ainda mantido no segredo dos deuses.
Mas este restaurante será também uma plataforma de diálogo gastronómico por onde passarão ao longo do evento vários outros chefes de cozinha portugueses. O primeiro será Diogo Lemos, de Viseu, que estará em abril, no Japão, confirmou o presidente do Turismo de Portugal.
Carlos Abade referiu ainda que no pavilhão será diariamente servido o “Chá das 5”. “Iremos recuperar a ideia do Chá das 5 e todos os visitantes são convidados às 17h00 para tomar um chá português (da Gorreana, dos Açores). Isso reflete o equilibro entre a inovação e tradição”, apontou o responsável do Turismo.
Na apresentação da Expo de Osaka, a vice-comissária do Pavilhão de Portugal explicou que a expetativa da venda de bilhetes para a exposição está abaixo das expectativas da organização.
Joana Gaspar refere que a aquisição do bilhete, que tem o valor de 30 euros, é complexa. Não há uma bilheteira no recinto e os visitantes têm de comprar antecipadamente a entrada, registando-se para o efeito.
Se na última Expo no Dubai houve 24 milhões de visitantes, Osaka espera 28 milhões. Mas como a “pré-venda de bilhetes ficou aquém”, espera-se agora que as autoridades da Expo tornei o acesso mais ágil.
“A Expo de Osaka é uma oportunidade de destacar a oferta turística e novas parcerias com Japão”, avançou Carlos Abade. O presidente do Turismo de Portugal lembra que o setor gerou 27 mil milhões de euros de receitas e que em 2024 bateram-se recordes e alcançaram-se metas que se pensavam só possíveis em 2027.
“O Japão é o 17.º mercado emissor de turistas para todo o mundo. São turistas que têm uma permanência média de cerca de 12 dias”, indicou Abade. Em 2019, o Japão foi o 15º país em termos de geração de receitas para fora, disse o responsável.
Depois da abertura, Portugal vai ter o Dia Nacional na Expo de Osaka a 5 de maio. A data é assinalada com eventos de natureza artística”, disse Ricardo Arroja.
Os fadistas Camané, Ana Moura e Ricardo Ribeiro vão participar no dia em que haverá também um concerto de Dino d’Santiago – “para mostrar a diversidade” da música portuguesa, indicou o presidente da AICEP.
Para dia 10 de Junho, Dia de Portugal, Camões e das Comunidades está previsto um concerto de Carminho. Ao Japão, Portugal leva também uma exposição do arquiteto Álvaro Siza Vieira.
Já Carlos Abade avançou que terão também a presença de escritores portugueses traduzidos para japonês, como é o caso de José Luís Peixoto, na tentativa de promover o país como destino de turismo literário.
O presidente do Turismo de Portugal indicou ainda que terão iniciativas no âmbito da arte urbana e, a 21 de julho, terão um concerto de Júlio Resende.