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1936-2025

Francisco José Viegas. "Seria impossível falar da arte do romance sem Vargas Llosa"

14 abr, 2025 - 10:19 • André Rodrigues

Antigo secretário de Estado da Cultura e responsável da editora Quetzal destaca o "espírito livre" do Nobel da Literatura, que morreu este domingo aos 89 anos. Pilar del Rio recorda um escritor "único e inesquecível".

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Mário Vargas Llosa “era um dos grandes autores, uma das grandes referências da literatura contemporânea e, em Portugal, teve várias gerações de leitores”, recorda na Renascença Francisco José Viegas.

O responsável pela editora Quetzal, que publicou em Portugal a obra do escritor peruano, não tem dúvidas de que Vargas Llosa é um dos mais influentes autores “de uma geração de ouro que tem Gabriel Garcia Márquez, Júlio Cortázar e Juan Rulfo e que mudou o destino e a própria conceção da literatura como nós a víamos nos anos 70 e 80”.

“Seria impossível falar da arte do romance e da maneira como nós lemos o romance sem Vargas Llosa”, defende o antigo secretário de Estado da Cultura.

Mário Vargas Llosa morreu este domingo na cidade de Lima, no Peru, aos 89 anos. Escreveu obras como "Conversas n'a Catedral", "A Cidade e os Cães" ou "A Festa do Chibo". Além disso, foi cronista do jornal espanhol El Pais, professor e político, tendo sido candidato à presidência do Peru, onde “viveu uma realidade opressiva”.

Mas “era um espírito livre”, sintetiza Francisco José Viegas, que considera que “o grande legado de Vargas Llosa é a sua permanente busca da identidade do ser humano, que é, precisamente, viver livre”.

“Isso levou-o a tomar posições políticas que nem sempre eram confortáveis, nem sempre eram muito populares, como, por exemplo, o seu afastamento em relação a Cuba, em relação ao Partido Comunista, a sua divergência em relação aos seus confrades que se mantiveram alinhados, quer com o regime cubano, quer com o comunismo, e o Vargas Llosa foi um combatente pela liberdade”, sublinha.

Essa sua característica ficou impressa em livros como “A Festa do Chibo”, “em que ele retrata as ditaduras latino-americanas”, lembrando que “há formas de opressão, de domínio económico e de loucura política, como aquela a que estamos a assistir agora na América… esses momentos não passam, não devemos esquecê-los”.

"Único e inesquecível"

A presidente da Fundação José Saramago recorda Mario Vargas Llosa como "um escritor universal que atravessa culturas, leitores, fronteiras e questões".

"Entrar num livro de Mario Vargas Llosa é como sentir-se reconfortado pela qualidade do pensamento, pela qualidade da escrita, pela beleza das imagens. É um escritor único e inesquecível", cuja obra "nos faz compreender o mundo com uma profundidade diferente", assinala Pilar del Rio.

[notícia atualizada às 12h07 com declarações de Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago]

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