14 abr, 2025 - 10:19 • André Rodrigues
Mário Vargas Llosa “era um dos grandes autores, uma das grandes referências da literatura contemporânea e, em Portugal, teve várias gerações de leitores”, recorda na Renascença Francisco José Viegas.
O responsável pela editora Quetzal, que publicou em Portugal a obra do escritor peruano, não tem dúvidas de que Vargas Llosa é um dos mais influentes autores “de uma geração de ouro que tem Gabriel Garcia Márquez, Júlio Cortázar e Juan Rulfo e que mudou o destino e a própria conceção da literatura como nós a víamos nos anos 70 e 80”.
“Seria impossível falar da arte do romance e da maneira como nós lemos o romance sem Vargas Llosa”, defende o antigo secretário de Estado da Cultura.
Mário Vargas Llosa morreu este domingo na cidade de Lima, no Peru, aos 89 anos. Escreveu obras como "Conversas n'a Catedral", "A Cidade e os Cães" ou "A Festa do Chibo". Além disso, foi cronista do jornal espanhol El Pais, professor e político, tendo sido candidato à presidência do Peru, onde “viveu uma realidade opressiva”.
Para o Nobel da Literatura 2010, "o mundo está div(...)
Mas “era um espírito livre”, sintetiza Francisco José Viegas, que considera que “o grande legado de Vargas Llosa é a sua permanente busca da identidade do ser humano, que é, precisamente, viver livre”.
“Isso levou-o a tomar posições políticas que nem sempre eram confortáveis, nem sempre eram muito populares, como, por exemplo, o seu afastamento em relação a Cuba, em relação ao Partido Comunista, a sua divergência em relação aos seus confrades que se mantiveram alinhados, quer com o regime cubano, quer com o comunismo, e o Vargas Llosa foi um combatente pela liberdade”, sublinha.
Essa sua característica ficou impressa em livros como “A Festa do Chibo”, “em que ele retrata as ditaduras latino-americanas”, lembrando que “há formas de opressão, de domínio económico e de loucura política, como aquela a que estamos a assistir agora na América… esses momentos não passam, não devemos esquecê-los”.
A presidente da Fundação José Saramago recorda Mario Vargas Llosa como "um escritor universal que atravessa culturas, leitores, fronteiras e questões".
"Entrar num livro de Mario Vargas Llosa é como sentir-se reconfortado pela qualidade do pensamento, pela qualidade da escrita, pela beleza das imagens. É um escritor único e inesquecível", cuja obra "nos faz compreender o mundo com uma profundidade diferente", assinala Pilar del Rio.
[notícia atualizada às 12h07 com declarações de Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago]