Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Arte

Não existia e agora vende-se por 11 mil euros o frasco. Artista diz ter dado forma física à cor "olo"

24 abr, 2025 - 17:43 • Redação

"O que eu tentei fazer foi criar uma cor real a partir desta experiência", explica Stuart Semple. No seu website está a vender cada frasco de tinta por 10 000 libras (29,99 libras se o comprador declarar que é artista).

A+ / A-

Um artista britânico afirma ter reproduzido em tinta a nova cor azul-esverdeada que cientistas descobriram numa investigação científica que utilizou um laser para estimular o olho humano.

Stuart Semple criou a sua própria versão da cor, baseando-se na investigação americana publicada na revista Science Advances.

Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui

No seu website, está a vender cada frasco de tinta por 10 mil libras (29,99 libras se o comprador declarar que é artista) — ou seja, 11.709 e 35,12 euros, respetivamente.

Na experiência realizada na Universidade da Califórnia, em Berkeley, foi utilizado um laser para estimular células individuais das retinas de cinco investigadores, que puxou a sua perceção de cor para além dos limites naturais. Dizem ter visto uma cor “de ficar de boca aberta” e “incrivelmente saturada”.

Semple, que já criou o que afirma ser a tinta mais preta e mais cor-de-rosa do mundo, sintetizou a sua versão da cor de forma menos tecnológica.

O artista misturou pigmentos, adicionando branqueadores óticos fluorescentes que absorvem a luz ultravioleta e a reemitem como luz azul visível, fazendo com que os materiais pareçam mais brancos ou brilhantes.

Através de um espetrómetro, um instrumento da área da física capaz de separar a luz nas suas cores constituintes, Semple analisou a sua intensidade para melhor fazer corresponder as suas amostras de tinta à tonalidade pretendida.

“Sempre pensei que a cor devia estar ao alcance de todos”, disse o artista, que também produziu a sua própria versão da famosa tinta azul ultramarino de Yves Klein.

“Lutei durante anos para libertar estas cores que são propriedade de empresas, que os cientistas reivindicam, ou que foram licenciadas a uma pessoa individual”, acrescentou.

“Olo” foi o nome dado à cor pelos cientistas. Semple, que chamou à cor “yolo”, é conhecido por reproduzir de forma irreverente cores que só estão disponíveis para alguns.

Os seres humanos percecionam as cores do mundo quando a luz incide sobre células sensíveis à cor, chamadas cones, na retina. Existem três tipos de cones que são sensíveis aos comprimentos de onda longos (L), médios (M) e curtos (S) da luz.

A luz vermelha estimula principalmente os cones L, enquanto a luz azul ativa principalmente os cones S. Mas os M situam-se no meio e não existe luz natural que os estimule sozinhos.

A experiência de Berkeley produziu uma cor que ultrapassa os limites naturais do olho nu. Os cones M são estimulados quase exclusivamente.

Semple explicou: “Acho que desencadearam uma experiência nas pessoas que estas associam a uma cor. O que eu tentei fazer foi criar uma cor real a partir desta experiência.”

Austin Roorda, um cientista da equipa de Berkeley, disse que compraria um frasco da tinta, mas não por 10 mil libras. “Talvez até pedisse ao meu primo, que é artista, para fazer algum trabalho com esta tinta”, afirmou.

Mas acrescentou que é “impossível recriar uma cor que corresponda ao olo”. “Qualquer cor que se consiga reproduzir ficaria apenas pálida em comparação. Não importa se é uma tinta, uma amostra de cor, ou até um laser monocromático, que é o que gera as experiências visuais naturais mais saturadas para os humanos.”

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+