24 abr, 2025 - 17:46 • João Malheiro
É já este domingo que se realiza a gala dos Prémios Sophia para celebrar o melhor do Cinema português, depois de um ano que foi de recuperação, segundo indica o presidente da Academia Portuguesa de Cinema, ao podcast da Renascença "Watch Party".
O filme "Grand Tour", de Miguel Gomes, é o mais nomeado para os prémios, disputando 11 categorias, numa edição em que o produtor Paulo Branco receberá um prémio de carreira. Entre os filmes mais nomeados estão ainda "O pior homem de Londres", de Rodrigo Areias, e "Revolução (Sem) Sangue", de Rui Pedro Sousa, ambos em dez categorias.
Na edição desta semana do "Watch Party", o podcast de filmes e séries da Renascença, desta quinta-feira, Paulo Trancoso refere que o número de filmes feitos em Portugal aumentou em 2024.
No entanto, se a produção recuperou, o mesmo não se pode dizer das exibições em sala. Nesta entrevista, o presidente da Academia Portuguesa de Cinema sublinha a importância de ver filmes no grande ecrã.
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Leia a entrevista ao presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso:
Em termos de longas-metragens admitidas, este ano, estavam 34 longas de ficção e 17 de documentário, o que denota um crescimento em geral dos filmes que se fazem.
E mesmo na área das curtas metragens, também, curiosamente, são 34 curtas-metragens de ficção que estavam a concurso. Depois 18 de animação e três de documentário.
Denotam, de certa maneira, uma recuperação, especialmente desde os tempos de pandemia, em que houve uma baixa de produção, e, agora, há um retorno. Um ano pleno de produção. Congratulamo-nos primeiro com a recuperação e com e com o número de filmes já produzidos.
Desses 34, há 16 filmes que estão nomeados nas várias categorias. Aliás, para dizer a verdade, houve já dois que receberam prémios, porque o Melhor Trailer foi entregue para “A Semente do Mal” e o Melhor Cartaz foi para “A Flor do Buriti”. Juntamente com o Melhor Filme Europeu que foi para “A Zona de Interesse”.
Entregamos ainda o que nós chamamos também o Prémio Arte e Técnica a dois cineclubes: o ABC Cineclube Lisboa e o Cineclube do Porto. O Cineclube do Porto, que fez 80 anos, e o ABC Cineclube de Lisboa que fez 75 anos. Achamos que dentro do nosso lema deste ano, que é “a paixão do cinema”, é preciso haver muita paixão no cinema e nos cineclubes para continuarem e chegarem a muitas idades.
Cinema
O filme foi o candidato de Portugal a uma nomeação(...)
Eu julgo que em termos de produção recuperou bem, porque, como vemos, o número de de filmes e documentários são mais de 50. É, de facto, um número muito bom em termos de produção e nas curtas também se reflete um número enorme.
Nós para o ano, se calhar, teremos que ter um comité de seleção, porque já são muitos filmes para os membros da Academia verem no prazo de dotação. Temos de encontrar uma hipótese de haver uma comissão de seleção independente da Academia que selecione x Filmes, para que seja o mais possível para os membros poderem ver durante o tempo de abertura da plataforma.
Em termos de exibição, sabemos que hoje em dia o cinema ainda não recuperou como era antes da pandemia. As salas de cinema, apesar de os filmes serem exibidos, normalmente são por períodos relativamente curtos. Tem que haver uma maior proteção até nisso. E
É uma das linhas de força que fazemos este ano. A paixão do cinema é também a sala de cinema. A grande sala, os filmes.A pandemia trouxe-nos o streaming, em que que vemos os filmes no computador ou até nos telemóveis.
Mas não é essa a maneira talvez mais correta de irmos ao encontro dos filmes que temos e que fazemos em Portugal.
Noutros festivais Portugal tem marcado sempre a sua presença, quase praticamente todos os anos, ou em Cannes ou em Berlim. A única coisa que, eventualmente, é mais complicada, por causa das tais grandes máquinas de lançamento e distribuição, são de facto os Óscares.
Mas tivemos uma presença nas curtas de animação, no ano passado, como sabe, e tivemos quase outra presença este ano. Por pouco, não tínhamos uma segunda presença. De facto denota a qualidade da animação portuguesa hoje em dia.
Nas longas-metragens é de facto difícil de entrar. Mas eu acho que nós acabaremos por chegar lá, exatamente por continuar, neste momento, com boa produção, em número e em qualidade. Sou otimista neste campo e temos que ir ao encontro também das maneiras de promoção, especialmente junto da Academia Americana, e lá chegaremos.
É uma escola que já vem com bastantes anos e sempre com grande originalidade. Portanto, eu acho que a nossa animação é muito original e reconhecida também.
E os nossos realizadores de animação também são muito conhecidos nos grandes festivais.
Portanto, a animação portuguesa tem já um carimbo de qualidade e de originalidade. É importante e é reconhecida. Isso torna a nossa animação muito competitiva com tudo que se produz no mundo todos os anos.
Nascido em Lisboa em 1983, Ico Costa é autor de fi(...)
É com um grande prazer que atribuímos o Prémio Carreira ao Paulo Branco. É um produtor não só nacional, mas também internacional. Tem trazido muitas produções estrangeiras a Portugal, coproduziu com outros países, tem presença, enquanto produtor, também noutros países, como é o caso da França.
O Paulo Branco tem um número incrível de produções no seu currículo. Mais de 300 produções é um número de facto que temos que dar os maiores encómios e os maiores agradecimentos por uma carreira tão produtiva e ao mesmo tempo, com tantos filmes de qualidade que deu tanto no cinema português como no cinema internacional, trabalhando com grandes nomes da realização, atores, etc.
Eu acho que chegou a altura de agradecermos ao Paulo Branco tudo o que tem feito e chegou ao ponto de atribuir este Prémio Carreira, reconhecendo todo o seu trabalho e tudo aquilo que fez pelo cinema português.
Mantem-se neste ritmo, mais ou menos do do ano passado. Não sei se conseguiremos atingir estes números. São difíceis, quase 50 filmes, não é fácil chegarmos lá todos os anos.
Foi um ano muito importante e esperemos que este ano também consigamos pelo menos número relativamente semelhantes e, acima de tudo, que nos traga também grandes alegrias em termos de premiações internacionais nos vários festivais pelo mundo.