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Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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​O que aí vem

Novas Crónicas da Idade Mídia

​O que aí vem

03 jan, 2025 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


A iminente tomada de posse de Donald Trump, os episódios mal explicados do Governo português, o apoio de Elon Musk à extrema-direita alemã e o estado dos media tradicionais são alguns dos temas em destaque nas Novas Crónicas da Idade Mídia desta semana.

Olaf Scholz respondeu publicamente a Elon Musk, explicando-lhe de que serão os cidadãos alemães a decidir as próximas eleições no país e não os donos das redes sociais. Isto depois do proprietário da plataforma X ter declarado o seu apoio à AfD, de extrema-direita. O aviso, do ainda Chanceler alemão, coloca as tecnológicas e, particularmente, os detentores das redes socais, na primeira linha de fogo do Governo. O problema, como sabemos, não é exclusivo da Alemanha. A questão é saber se o exercício da soberania dos Estados tem capacidade resposta para esta nova realidade? Ou se a solução terá de passar pela auto regulação, como já aconteceu com o Facebook, por exemplo.

Donald Trump prepara-se para condicionar a ação e atividade dos Media tradicionais, designadamente os jornais de referência e as principais cadeias de televisão norte-amercianas. Conta para isso, com um aliado de peso: Elon Musk. Mas para quem possa ter dúvidas, o novo inquilino da Casa Branca já veio explicar que é ele o eleito, é ele quem manda. Talvez não seja por acaso que Trump já tenha falado em reavaliar o processo contra o TikTok que teria de mudar de mãos (i.e. deixar a tutela chinesa) até à véspera da tomada de posse. A grande incógnita é saber como agirá Trump, dada a imprevisibilidade do seu comportamento. Aplicará as taxas sobre produtos europeus e chineses, como anunciou? Como será a vida da NATO, a partir de Janeiro?

2025 apresenta-se, domesticamente, como um ano tremendamente desafiante, desde logo com duas eleições com um curto intervalo entre elas: autárquicas, em Setembro, o primeiro confronto eleitoral entre PSD e PS, desde que a AD regressou ao Governo; presidenciais, a abrir o ano de 2026, em janeiro, com as candidaturas a Belém a perfilarem-se logo desde o primeiro trimestre, com a mais do que certa presença de Gouveia e Melo entre os “maratonistas”. E, claro, o novo teste do Orçamento do Estado para 2026.

O Governo brindou-nos, neste final de ano, com um sortido fino de episódios mal explicados. Administradores das USL, sem razão aparente, foram removidos dos cargos. Hélder Rosalino era a pessoa chave para ocupar o novo cargo de secretário-geral do Governo. O ex-secretário de Estado de Passos Coelho tem as competências e a experiência exigidas. A berraria que se montou em torno do salário que auferiria o atual quadro do Banco de Portugal, levou o Governo a recuar, a deixar Rosalino entregue a si próprio, com este a renunciar à função.
Quem era importante para a manobra e ação do Governo, perante a polémica, tornou-se descartável. O mesmo aconteceu com a imagem da ação policial no Martim Moniz. O que eram operações para continuar a desenvolver, afinal foi uma coisa que o sr. primeiro-ministro não gostou de ver.

No plano dos meios tradicionais o ano que aí vem não promete nada de bom. Rescisões contratuais na RTP, Público e Impresa; cancelamento das edições de fim de semana do Diário de Notícias; decisão final sobre a Trust In News, no fim deste mês. O cenário, de facto, já foi mais promissor, designadamente para a imprensa escrita. Os jornais vão acabar por migrar para o digital, com edições em papel apenas dos projetos com produção de informação especializada.

Embora as televisões generalistas tenham ganhado algum terreno, a verdade é que o streaming voltou a crescer de forma sustentada e até vigorosa. A oferta de conteúdos e a disputa pela atenção dos consumidores passa-se já hoje em grande medida no ambiente digital. Mesmo habitando o mesmo espaço, até que ponto estarão os meios tradicionais preparados para travar esta batalha? Em que condições podem reagir ao avanço de marcas exclusivamente digitais?

Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, o que fará Trump na Casa Branca? Moçambique vai a caminho de um Estado falhado? A contratação pública não devia prever “contratos de missão” para determinadas funções, remunerados de acordo com os objetivos? Quando é que Gouveia e Melo vai saber “quando pode piscar os olhos”?

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