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PS admite formar Governo se ficar em segundo lugar nas eleições

14 mar, 2025 • Tomás Anjinho Chagas


João Torres (PS) admite que os socialistas vão "avaliar a situação" depois das eleições. Alexandre Poço (PSD) reitera o "não é não" ao Chega. Quem empurrou o país para a crise política? Passa-culpas mantém-se. Ambos discordam de um bloco central.

João Torres, deputado e dirigente do PS, assume que o partido pode vir a formar Governo mesmo que não seja o partido mais votado nas eleições legislativas de 18 de maio.

Em declarações durante o São Bento à Sexta, programa de política semanal da Renascença, o dirigente socialista lembra que o partido não estabeleceu a vitória nas eleições como condição para tentar formar Governo. Desta forma, João Torres abre a porta a uma solução idêntica à encontrada em 2015 por António Costa, quando ficou em segundo lugar mas formou a famosa Geringonça.

"Luís Montenegro é que dizia que não governaria se não fosse mais votado. O PS nunca disse isso. O Partido Socialista vai aguardar pelas eleições, e, em função disso, fará uma avaliação sobre essa questão", responde João Torres.

Alexandre Poço, vice presidente do PSD, acredita que os social-democratas vão repetir o "não é não" ao Chega e, apesar de lembrar que não está na cabeça de Luís Montenegro, acredita que a estratégia seguida em 2024 vai ser repetida.

"O país hoje já conhece que as duas condições que o Luís Montenegro colocou há um ano , cumpriu-as na íntegra: não faríamos nada com o Chega e ganharia as eleições se fosse o partido mais votado", vinca o social-democrata.

Alexandre Poço considera que a estratégia de não fazer acordos com o Chega vai manter-se: "Sim, eu acho que isso ficou qual seria o posicionamento", explica o dirigente do PSD que classificou o partido de André Ventura como "bengala do PS".

Questionados durante o programa, os dois representantes do PS e PSD rejeitam a ideia de um bloco central com os dois partidos, como sugeriu Nuno Garoupa, professor universitário nos EUA, numa entrevista recente à Renascença.

"Essa ideia de um bloco central deve ser evitada o mais possível", respondeu João Torres (PS). "Eu também não sou favorável", esclareceu Alexandre Poço (PSD).

Os dois partidos admitem continuar a entender-se em matérias como a política externa, mas consideram "muito difícil" haver entendimentos em áreas como a saúde ou a educação.

O PSD espera que as questões judiciais não entrem na campanha eleitoral, ainda assim, Alexandre Poço lembra que até há pouco tempo, Luís Montenegro tinha um processo sobre a casa que foi arquivado em dezembro, e não foi isso que o impediu de ser primeiro-ministro.

"Tinha um inquérito aberto a seu respeito sobre a sua residência. A Justiça que faça o seu trabalho, têm sido várias as vossas que dizem que não há aqui matéria legal que possa apoucar ou diminuir o primeiro-ministro", defende o antigo líder da JSD.

Já João Torres, deputado do PS, assume que o partido vai tocar muitas vezes no tema da Spinumviva, empresa familiar de Luís Montenegro, no entanto, o dirigente socialista assegura que a justiça não deve interferir na campanha eleitoral.

"Não sou ninguém para recomendar à Procuradoria-Geral da República se deve evitar, ou não. Em abstrato, o que se espera da PGR é que nunca se intrometa politicamente, em matérias que não são, do seu foro e da sua competência. Concordo muito com a ideia de nós não podermos judicializar a campanha eleitoral", afirma o socialista.

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