26 jun, 2024 - 22:26 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters
Um golpe de estado pode estar iminente na Bolívia. Elementos das forças armadas do país sul-americano assumiram esta quarta-feira o controlo da praça central da capital, investindo com um veículo blindado contra a entrada do palácio presidencial e invadindo o edifício.
O Presidente boliviano, Luis Arce, através da televisão, dirigiu-se ao líder da insurreição, o general Juan José Zuninga, exigindo-lhe que desmobilizasse. “Se você respeita a linha de comando militar, retire todas as forças agora mesmo”, disse Arce. "É uma ordem."
Por seu turno, Zuninga falou ao país diretamente da praça, horas antes, vestido com a farda militar e rodeado de soldados. "Os três chefes das Forças Armadas vieram expressar a sua consternação”, começou por dizer. “Parem de destruir, parem de empobrecer o nosso país, parem de humilhar o nosso exército”.
O oficial garante que a ação tem o apoio popular. “O nosso país não pode continuar assim", avisou.
Ao longo do dia, foram sendo compartilhados diversos vídeos em que se veem soldados fortemente armados e veículos blindados reunidos na Plaza Murillo, no centro da capital. O presidente Arce reagiu inicialmente no X, denunciando a mobilização das unidades do exército e pedindo que a democracia fosse respeitada.
O antigo líder Evo Morales, que liderou o país entre 2006 e 2019 e se incompatibilizou com o atual presidente, embora ambos sejam oriundos do mesmo partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), anunciou uma mobilização nacional dos seus apoiantes para apoiar a democracia. “Não permitiremos que as forças armadas violem a democracia e intimidem as pessoas”, declarou.
Morales acusou Zuniga de tentar encenar um golpe e anunciou uma paralisação geral dos trabalhadores que deverá incluir o bloqueio de estradas.