15 fev, 2025 - 18:28 • João Pedro Quesado
Vários líderes europeus vão reunir-se de emergência em Paris esta segunda-feira para discutir o aumento do apoio à Ucrânia, um dia depois de um encontro informal entre ministros dos Negócios Estrangeiros em Munique para debater as conversações com responsáveis ucranianos e dos Estados Unidos da América (EUA) sobre a segurança europeia.
Emmanuel Macron convidou vários líderes de países europeus para uma cimeira em Paris. A informação foi avançada pelo ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, Radosław Sikorski, no discurso que fez este sábado na Conferência de Segurança de Munique, durante o qual disse estar "muito satisfeito" com o convite de Macron e esperar uma discussão "muito séria" sobre os desafios colocados pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.
"O Presidente Trump tem um método de operação que os russos chamam de 'razvedka boyem' — reconhecimento por batalha: pressiona-se e vê-se o que acontece, e depois muda-se a posição", descreveu o responsável polaco, afirmando depois que "nós precisamos de responder".
O encontro ainda não foi confirmado oficialmente. Segundo o "Financial Times", o convite chegou apenas a alguns líderes europeus. De acordo com o "Politico", não é claro se todos os líderes da União Europeia foram convidados, ou apenas um grupo mais restrito - nem se líderes externos à UE, como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, vão ser incluídos no encontro.
Um encontro que é oficial é uma reunião informal dos ministros de Negócios Estrangeiros da UE em Munique já este domingo. A reunião, convocada por Kaja Kallas, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, deverá incluir apenas os ministros presentes na cidade alemã para a Conferência de Segurança, segundo o anúncio feito pelo porta-voz de Kallas.
Os encontros surgem depois de uma semana movimentada no processo de paz do conflito na Ucrânia, por iniciativa dos EUA, com um telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin a acelerar o tema. O discurso de JD Vance, em que minimizou o risco de interferência política pela Rússia na UE e acusou o Velho Continente de retroceder na liberdade de expressão, também lançou nervosismo entre os países europeus.
Volodymyr Zelensky e JD Vance estiveram ainda reunidos à margem da conferência em Munique, com o chefe de Estado da Ucrânia a defender um plano para travar Putin.
Também este sábado, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, pediu aos países europeus "propostas concretas" para as garantias de segurança à Ucrânia após o fim da guerra com a Rússia.
"Diria aos meus amigos europeus para entrarem no debate sem se queixarem se estão ou não em cima da mesa, mas com propostas e ideias concretas. Aumentar as despesas, garantir que a formação e o fornecimento de armas (para a Ucrânia) continuam, mas também vêm com ideias concretas, por exemplo, como poderão ser as garantias de segurança", disse o líder da Aliança Atlântica, alertando que um acordo fraco como resultado das negociações pode levar a tentações da China no Indo-Pacífico.