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Síria

7 pontos para perceber o que se passa na Síria. Centenas de civis morreram em 48 horas

10 mar, 2025 - 19:39 • Redação

Das mais de 1000 mortes, 830 são de civis. Governo Interino da Síria promete a criação de dois comités para apurar responsabilidades e garantir a segurança dos locais.

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Nas últimas 48 horas, centenas de civis foram mortos na Síria. De acordo com o relatório apresentado no domingo, pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR), pelo menos 1.311 pessoas foram mortas. Destas, 830 eram civis, 230 eram membros das forças de segurança e cerca de 250 eram homens armados.

Segundo a NBC, esta parece ser a “erupção de violência mais mortal desde a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro”.

Durante 53 anos, a família Assad governou a Síria, primeiro pela mão de Hafez al-Assad (no poder de 1971 a 2000) e depois, durante mais 24 anos, pelo seu filho Bashar. O regime de Assad caiu em dezembro de 2024, após uma guerra civil de mais de uma década e que resultou na morte de mais de meio milhão de pessoas.

1. O que está em causa?

O governo da Síria diz ter terminado uma operação nas províncias costeiras de Latakia e Tartous depois de quatro dias de luta armada entre as forças de segurança e os combatentes armados pró-Assad.

Segundo o jornal “Al Jazeera”, relatórios vindos da região de Lakatia referem a ocorrência de homicídios, raptos, roubos e assédio.

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2. Quem está envolvido nas mortes?

Segundo a NBC, não é claro quem são os grupos envolvidos na morte de civis. O presidente interino Ahmed al-Sharaa apelou à paz no domingo, enquanto se multiplicam os relatos sobre a violência na região. Já Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, acusou os “terroristas radicais islâmicos” pelas mortes e pediu à liderança da Síria que os responsabilizasse.

3. As fações pró-Assad estão envolvidas?

Desde 6 de março que o governo tem enviado tropas para as cidades costeiras da Síria, incluindo Latakia e Tartous, para lutarem contra o que dizem ser os “restos do regime”, homens armados pró-Assad, que declararam oposição à atual governação.

Nesse dia, homens armados a favor do anterior regime fizeram uma emboscada a militares em Latakia e arredores, matando pelo menos 16 membros dos militares e do Ministério da Defesa.

A imprensa local diz não ser a primeira vez que tal acontece desde a queda de Bashar al-Assad.

4. O que está a fazer a Síria?

Como resposta ao escalar da violência na região, a NBC refere que a presidência da Síria anunciou, através de comunicado, no domingo, a criação de um comité nacional independente para averiguar o que está a acontecer na costa do país, para perceber as “causas, circunstâncias e condições” que levaram à conjetura atual. Além disso deve “investigar quem são os responsáveis”.

Será também criado um “Comité Supremo para a Paz Civil” encarregado de estar em contacto com os residentes das áreas afetadas e garantir a sua segurança.

5. A religião está a influenciar estes conflitos?

As lutas estão a ocorrer numa área, parte da costa mediterrânica do país, onde se encontram as províncias de Banias e Jableh, de maioria alauíta, uma minoria religiosa islâmica à qual pertence a família Al-Assad.

Por serem consideradas fortalezas do antigo regime, com a cidade natal da família Assad perto delas, o jornal “Al Jazeera” refere que observadores temiam que a queda do regime levasse a ações de vingança contra os alauítas. De acordo com a SOHR, a maioria dos civis mortos aparentam ser dessa minoria religiosa.


6. Quem participa da luta armada?

Desta luta armada participam tropas enviadas pelo atual governo que enfrentam grupos armados liderados por antigos oficiais do exército de Bashar al-Assad.

Também estão envolvidos grupos não identificados que se dirigiram para a costa para alegadamente para procurar vingança por mortes anteriores, refere um oficial não identificado à agência de notícias síria. O regime sírio estima que na área costeira se encontrem 5000 indivíduos armados.

7. Como está a população?

Na região, o estado relatado pelos civis é de medo e de pânico. “Eu nem sequer vou lá fora e nem abro as janelas... Não é seguro estar aqui. Não há segurança para os alauitas”, conta um residente da província de Lakatia ao “Al Jazeera”.

Há também o receio do que as autoridades possam fazer aos locais. Shadi Ahmed Khodar, um alauita que vive na região, diz ao “New York Times” que “talvez eles venham aqui e digam que estamos contra eles e nos matem”, enquanto rejeita qualquer apoio aos defensores de Bashar al-Assad.

“Não há água nem eletricidade há mais de 24 horas, as fações estão a matar todos os que lhe aparecem pela frente, os cadáveres estão empilhados nas ruas. Isto é um castigo coletivo”, afirma um habitante de Latakia.

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