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Guerra na Ucrânia. “Ainda estamos num processo longe de uma solução negociada para a paz”

19 mar, 2025 - 01:03 • Marisa Gonçalves

Em declarações à Renascença, o General José Pinto Ramalho lembra que há ainda muitas questões em cima da mesa por resolver e defende uma posição europeia mais firme.

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Um acordo de cessar-fogo, mesmo que parcial, por 30 dias, “é uma forma positiva de começar o caminho para uma paz duradoura”. Esta é a primeira leitura do General José Pinto Ramalho sobre a conversa telefónica entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia quanto a um plano para acabar com a guerra na Ucrânia.

Putin aceitou esta terça-feira um cessar-fogo de 30 dias para travar ataques contra infraestruturas energéticas na Ucrânia. (Mas, no entretanto, a Rússia já voltou a conduzir ataques com drones na Ucrânia.)

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O antigo chefe militar do Exército, diz à Renascença que, embora pudessem ser esperados mais avanços, é preciso notar que são muitas ainda as questões em cima da mesa e que este não é um processo simples.


“As posições de cada uma das partes ainda estão muito longe daquilo que nós podíamos dizer que seria um princípio de entendimento. A questão territorial, como é que vai ficar? Depois, há todos os outros aspetos como o estatuto futuro da Ucrânia, a questão da entrada ou não para a NATO, ser ou não neural. Por outro lado, que condições terá em termos da dimensão do seu instrumento militar, o que é que se fará em prol da arquitetura de segurança da defesa europeia, que é um especto que interessa aos europeus, e que tipo de desanuviamento irá acontecer entre os Estados Unidos e a Rússia?”, questiona.

O antigo chefe militar do Exército sublinha que o cessar-fogo ainda não começou e que este processo ainda está muito no início.

“O cessar-fogo ainda não arrancou, sequer. Ainda estamos num processo longe daquilo que nós desejamos que é encontrar uma solução negociada para a paz e que as duas partes, minimamente, encontrem um ponto de acordo. Não será, certamente, aquilo que nós temos vindo a desenhar como uma paz justa, mas a situação é aquela que é ditada pelo terreno, infelizmente. Não está nas mãos dos europeus aquilo que vier a ser o acordo desenhado por Trump e Putin”, afirma.

Neste processo de negociação, o General José Pinto Ramalho frisa que deve ser salvaguardada a importância estratégica da NATO, apesar das dificuldades de financiamento e das exigências dos Estados Unidos.


“Temos construções desde a última guerra, que são muito importantes para a segurança europeia, designadamente a NATO, o vínculo transatlântico e o nosso aliado tradicional, que são os Estados Unidos. Julgo que temos de ter a frieza suficiente para salvaguardar aquilo que é demasiado importante para se perder. A NATO, por exemplo, é um ativo estratégico que trouxe a paz à Europa durante 80 ano. Julgo que em vez de termos uma atitude de negação e de crítica, devemos encontrar uma posição construtiva. Se há dificuldades, então que se procurem ultrapassar as dificuldades e não assumir uma de intransigência em que se quebram pontes e se põe em causa aquilo que é extremamente importante”, defende.

O Ex-chefe do Estado-Maior do Exército defende que a Europa tem de assumir uma postura mais firme e diz que essa tarefa cabe ao presidente do conselho europeu, António Costa, no sentido de haver uma posição concertada

“Tem de fazer um esforço para falar com Trump. Fico até um pouco chocado porque parece que a única voz que existe na União Europeia é da Presidente da Comissão, ora a Presidente da Comissão não trata de política externa. Quem trata de política externa e daquilo que são as posições assumidas pelos vários países é o Conselho que tem um Presidente. Também me choca que falem pela Europa a França e o Reino Unido que não é da União Europeia, neste momento”, refere.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky anunciou que quer inteirar-se de todos os pormenores sobre a recente conversa telefónica entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin.

"Espero ter uma conversa com o presidente Trump, para que possamos entender os detalhes", disse Zelensky.

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