27 mar, 2025 - 22:58 • Marisa Gonçalves , Olímpia Mairos
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O preço dos ovos não pára de subir. Em apenas três semanas, o preço de meia dúzia de ovos subiu 43 cêntimos, ultrapassando os dois euros. De acordo com os dados da DECO, desde o início de 2025, o preço médio passou de 1,61 euros para 2,05 euros, uma variação de 27,2%.
Para Paulo Mota, presidente da Associação Nacional dos Avicultores Produtores de Ovos (ANAPO), esta subida de preços assenta no aumento de procura por parte dos EUA, devido aos surtos de gripe das aves, no acréscimo de consumo em época de Páscoa, e nos aumentos dos fatores de produção.
“O aumento tem muito a ver com o aumento de procura por parte dos Estados Unidos. Tem crescido bastante a procura, mas depois há outros fatores menos relevantes, mas que todos em conjunto fazem a diferença, nomeadamente o acréscimo do consumo nesta época, os custos de produção que têm aumentado e também houve essa necessidade de refletir alguma coisa no preço ao consumidor”, explica.
A explicação para o aumento dos preços no nosso país pode encontrar-se também no facto de se tratar da proteína mais barata no mercado.
À Renascença, Paulo Mota diz que “isso tem-se refletido no acréscimo de consumo ao longo dos anos e, principalmente, nos últimos anos, pelos benefícios que são reconhecidos aos ovos, mas, sobretudo, por o preço estar ao alcance de todos”.
“Continua a ser uma proteína de referência e barata. Portanto, todas as proteínas aumentam muito o preço, a carne, por exemplo, e começam a ter preços mais proibitivos ou mais complicados, e os ovos continuam a ser baratos, apesar de terem aumentado o preço”, destaca.
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O presidente da ANAPO acredita que a chamada “época de crise crítica” já esteja a terminar, sublinhando, por exemplo, que a questão da gripe das aves é sazonal.
“À partida, deverá haver menos casos de gripes pelo mundo e haverá menos comércio internacional, menos procura. Assim espero, porque isto começa a ser atípico, começa a haver muitos casos de gripe das aves fora da época”, assinala.
Apesar da elevada procura, não é de esperar a falta de ovos no mercado português.
“Os que há em Portugal, normalmente, devem ser suficientes, apesar de como eu referi há um acréscimo de procura por causa da Páscoa, mas em condições normais serão suficientes”, diz.
Fora de hipótese parece estar a possibilidade de exportar o produto para os Estados Unidos da América embora o setor tenha recebido contactos nesse sentido.
A ANAPO foi contactada pela Embaixada dos Estados Unidos, em Portugal, no sentido de saber das possibilidades de fornecimento de ovos, mas o nosso país não tem capacidade de resposta para atender à procura norte-americana.
“Já houve tentativas, abordaram o setor, mas não há disponibilidade para exportação, portanto, não está previsto que sejam exportados os ovos portugueses para os Estados Unidos”, garante Paulo Mota.
Nestas declarações à Renascença, o presidente da Associação Nacional dos Avicultores Produtores de Ovos nota que a produção de ovos tem vindo a crescer nos últimos anos, mas avisa que não será fácil aumentar muito mais a produção. É necessário um grande investimento e tempo para que as explorações sejam rentáveis.
“O consumo cresceu significativamente, mas a produção também cresceu, tem vindo a crescer, só que a produção não tem crescido ao mesmo ritmo que cresce o consumo”, nota, admitindo que “há formas de aumentar, só que, para além dos custos de investimento, que também aumentaram significativamente, há outras questões, por exemplo, questões legais que têm a ver com as dificuldades de licenciamento de novas explorações”.
Por isso, Paulo Mota diz que “havendo uma necessidade pontual ou imediata, não há capacidade de suprir num curto espaço de tempo essas necessidades, porque o tempo necessário para criar novas explorações ou novas produções, até que entram em produção as galinhas, passa muito tempo”.
“Uma galinha, desde que nasce, até que começa a produzir ovos, são pelo menos cinco meses. Para além desses cinco meses, é necessário criar condições e instalações, é preciso encomendar equipamento. Para ter ideia, eu sem encomendar equipamento, há empresas que só me garantem esse equipamento das galinhas, daqui a 30 ou 35 semanas”, exemplifica.
[notícia atualizada às 7h00 de 28 de março para acrescentar mais detalhes]