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Parlamento

Caso das Gémeas. Sandra Felgueiras questiona "silêncios" do Presidente da República

21 jan, 2025 - 17:23 • Filipa Ribeiro

Jornalista garante que "Belém não agiu da mesma forma com outros casos sobre esta mesma doença". Na Comissão Parlamentar de Inquérito, Sandra Felgueiras disse que estranhou a "resistência dos órgãos de soberania" em dar informação, nomeadamente de Marcelo Rebelo de Sousa.

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Audição de Sandra Felgueiras na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das Gémeas
Audição de Sandra Felgueiras na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das Gémeas. Foto: Lusa

A jornalista Sandra Felgueiras que divulgou o caso das gémeas na TVI/CNN levanta dúvidas sobre a ação do Presidente da República e garante que Belém "não agiu da mesma forma com outros casos sobre este mesma doença".

Ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso, esta terça feira, Sandra Felgueiras garantiu que "houve desigualdade no tratamento" do caso das gémeas. A jornalista sublinhou que "em nenhum outro caso o Presidente da República pediu que fosse uma assessora a tratar pessoalmente do assunto, em nenhum outro caso uma assessora liga para hospitais a pedir o que se passa", garantindo que em todos os outros é "chapa quatro, o assunto é encaminhado para o Governo e ele procederá como entenderá".

Sandra Felgueiras contou que contactou Marcelo Rebelo de Sousa pela primeira vez a 23 de outubro de 2023, dias antes de a reportagem ser publicada, através de mensagem que indiciava que necessitava de falar com o próprio.

De acordo com a jornalista, o caso das gémeas não foi mencionado nessa mensagem, mas no mesmo dia foi enviado um email com vários questões para o Hospital de Santa Maria por outro jornalista que acabou por se contactado por Marcelo Rebelo de Sousa no final desse mesmo dia.

Sandra Felgueiras contou que nessa chamada telefónica por Whatsapp, Marcelo Rebelo de Sousa disse ao colega que "sabia de tudo, sabia qual era o caso das gémeas e que o enviou para o Governo como faz todos os outos casos". A jornalista diz ter ficado com dúvidas. "Como é que o Presidente podia saber de algo que nunca lhe perguntamos sendo que a única unidade contactada tinha sido o Santa Maria?", questionou.

Acabou por ser agendada uma entrevista com o Presidente da República uma semana depois, a 2 de novembro de 2023 na véspera da publicação da reportagem. Sandra Felgueiras recorda que uma semana depois e depois de ter disso que ia ver com o chefe da Casa Civil o que se tinha passado, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou não se lembrar e nenhum contacto do filho, nem da nora.

A jornalista referiu ainda que ter recorrido a CAD - Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos - para solicitar acesso a documentos com os emails trocados em Belém, que o Presidente da República "não quis dar" porque o Ministério Público acabou por abrir um processo e Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "estava em segredo de justiça".

Sandra Felgueiras considera que Marcelo Rebelo de Sousa tentou esconder informação. "Se o Presidente da República tivesse respondido tudo o que havia por responder às tantas não estávamos aqui", sublinhou enquanto segurava o arquivo com a troca de emails entre a Presidência e Nuno Rebelo de Sousa. "O Presidente da República não quis que eu visse isto, não quer que se fale neste assunto e a pergunta que faço é: porquê?", questiona.

A jornalista disse não compreender porque é que houve tanta "resistência dos órgãos de soberania" para revelar algo. "Eu perguntei (a Marcelo Rebelo de Sousa) pelo ciclo de comunicação de pedido feito pelo filho. Porque é que não respondeu? Não sei", disse.

Sandra Felgueiras contou ainda ter contactado o na altura secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales que lhe garantiu "não ter tido qualquer interferência no caso", no entanto, mais tarde na Comissão Parlamentar de Inquérito referiu reuniões com o filho do Presidente da República. A jornalista considera mesmo importante que Lacerda Sales esclareça os deputados na próxima sexta feira como é que chegou ao encontro de Nuno Rebelo de Sousa.

Na audição desta terça-feria a jornalista deu ainda conta ter achado estranha a entrega das cadeiras às crianças pelo Hospital de Santa Maria. Sandra Felgueiras assegura que foi a própria a informar o director do serviço de medicina física e de reabilitação do Hospital de Santa Maria, de que as crianças já tinham recebido duas cadeiras pela Segurança Social.

Sandra Felgueiras garantiu ainda que o trabalho que fez "nunca foi sobre nenhuma mãe, nem crianças", mas para apurar se "houve interferência polícia no acesso aos cuidados de saúde, fosse de quem fosse".

A CPI ao caso das gémeas termina a fase de audições na sexta feira com o regresso ao parlamento de António Lacerda Sales. O ex-secretário de Estado da Saúde vai ser ouvido pela segunda vez depois de ter sido o primeiro a marcar o arranque das audições em junho do ano passado.

Os deputados aguardam ainda a resposta do Presidente da República, que foi várias vezes mencionado na audição de Sandra Felgueiras. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que vai esperar pelo final das audições para decidir se quer ou não responder.

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