27 jan, 2025 - 14:30 • João Pedro Quesado , Manuela Pires
Portugal está disponível para "antecipar ainda mais" a chegada aos 2% do PIB (Produto Interno Bruto) no investimento em Defesa, atualmente marcado para 2029. Luís Montenegro anunciou a disponibilidade do Governo esta segunda-feira, no final do almoço com Mark Rutte, secretário-geral da NATO, no Palacete de São Bento.
"Estamos disponíveis para poder antecipar ainda mais o nosso calendário da trajetória de evolução do nosso investimento nesta área", afirmou o primeiro-ministro na conferência de imprensa, avisando que essa mudança "dependerá muito daquilo que nós formos capazes de fazer internamente".
Luís Montenegro anunciou ainda "uma taskforce criada entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Ministério da Defesa Nacional, o Ministério da Economia e o Ministério das Finanças", que estará a "finalizar o trabalho com vista a tornar mais atrativo e exequível o projeto de reforço da nossa capacidade produtiva e industrial". Por outro lado, o social-democrata apontou que a União Europeia "tem de atuar em bloco" nos investimentos necessários, sem os "triplicar ou quadruplicar", para "sermos mais eficientes".
No final do encontro com o chefe da Aliança Atlântica, o primeiro-ministro português referiu que o "compromisso em atingir 2% do PIB em despesa de Defesa" exige "uma aceleração de uma trajetória que infelizmente, nos últimos anos, teve como resultado nem sempre conseguirmos atingir o objetivo".
Montenegro declarou ainda que este investimento vai acontecer sem "colocar minimamente em causa o equilíbrio financeiro" das finanças públicas, mantendo "contas públicas saudáveis, um país estável, um país seguro, um país atrativo para colocar a economia a crescer" e com o "Estado social salvaguardado".
"Há, em Portugal, um forte compromisso do Governo e também das demais forças políticas, em particular do principal partido da oposição, em poder salvaguardar este nosso trajeto", garantiu o líder do Governo, para quem o investimento no sector será "crucial para manter a integralidade da Europa, para manter projetos políticos vivos como o projeto da União Europeia, e também o projeto da Aliança Atlântica".
"Se não desenvolvermos todas as nossas capacidades, desde logo produzindo material militar, investindo na nossa capacidade de inovar, de investigar, de tirar partido do nossos conhecimento para podermos fabricar melhores equipamentos, que nos possam dar precisamente a garantia de estar a atingir os nossos objetivos por nós próprios", Luís Montenegro avisa que "só nos resta uma alternativa, que é comprar a quem produz estes materiais e equipamentos no mundo". Essa opção torna os países europeus, considera o primeiro-ministro, "mais dependentes e portanto sempre sujeitos à boa vontade desses nossos parceiros".
Logo de seguida, Mark Rutte considerou o objetivo de gastar 2% do PIB insuficiente, reforçando uma ideia que tem defendido nas últimas semanas - em que chegou a colocar o patamar de investimento necessário em 5% do PIB por cada Estado-membro da NATO.
"Temos de continuar a adaptar-nos, temos de aumentar os nossos esforços e as nossas despesas. O objetivo de 2% não vai ser suficiente", sublinhou o secretário-geral da Aliança, avisando que "a ameaça da Rússia pode parecer longínqua, mas asseguro-vos que não é".
"Os navios russos e os bombardeiros de longo alcance russos ameaçam a costa portuguesa", apontou Rutte, que lembrou ainda que a Rússia está a "tentar destabilizar" os membros da NATO através de "ciberataques", entre outros métodos.
[notícia atualizada às 15h11]