29 jan, 2025 - 16:01 • José Pedro Frazão , João Pedro Quesado
Mariana Vieira da Silva considera que há demasiadas aberturas de inquéritos sobre responsáveis de cargos políticos sem que tenham um desfecho conhecido. No programa "Casa Comum", da Renascença, a ex-ministra da Presidência comentou a investigação, conhecida esta quarta-feira, a uma alegada violação do segredo de Estado devido a uma "pen" encontrada no cofre do antigo chefe de gabinete de António Costa.
A socialista alertou para o facto de haver "sistematicamente casos a serem abertos e nunca serem terminados", recordando o caso de João Galamba, que "esteve quatro anos sob escuta, e o processo continua exatamente na mesma do momento em que ele se demitiu".
Vieira da Silva também lembrou que António Costa "já se demitiu há 14 meses, com consequências políticas - independentemente do julgamento que cada um faça do assunto - gravíssimas", reforçando que a abertura de novos casos "gera um clima de suspeição generalizada".
Justiça
De acordo com o semanário "Expresso", os procurado(...)
"Qual é o objetivo de tornar pública uma investigação sobre o qual não se sabe nada, como aqui é feito, a não ser criar a ideia de um volume grande de suspeitas? Não há nenhum objetivo", avaliou Mariana Vieira da Silva, apontando que a Procuradoria-Geral da República "deve cuidar que o que está em segredo de justiça permaneça em segredo de justiça".
Já Duarte Pacheco, ex-deputado do PSD, defendeu que Vítor Escária dê "explicações claríssimas" sobre a "pen" que estava no cofre no Palacete de São Bento, incluindo "se foi o primeiro-ministro que lhe pediu para guardar, ou qual foi a razão, como é que aquilo ali apareceu".
"Essas explicações têm que ser dadas e, tal como dizia há pouco sobre o Hernâni Dias, quanto mais depressa, melhor", apontou o social-democrata, considerando que o caso expõe um "relacionamento estreito, que é para não dizer perigoso, entre membros do Governo e serviços de informações", o que o deixa "ainda mais preocupado do que a violação do segredo" de justiça.
À Renascença, Fernando Negrão considerou que o alegado armazenamento de dados sensíveis numa pen-drive encontrada no cofre do antigo chefe de gabinete de António Costa pode constituir uma "ação dolosa" que "deve preocupar" os cidadãos.