03 fev, 2025 - 21:14 • Susana Madureira Martins
A cinco dias da reunião da Comissão Nacional do PS – o órgão máximo do partido entre Congressos – para discutir as presidenciais de 2026, Pedro Nuno Santos reconhece que não “depende” da direção do partido “garantir que só haja um candidato” da área socialista, mas garante que fará aquilo que estiver ao seu “alcance para que haja apenas um candidato” presidencial.
Na conferência de imprensa desta segunda-feira na sede do partido, o líder do PS disse que isso é o “desejável”, mas não revelou que diligências está a tomar nesse sentido, mostrando-se convicto de que o partido “não ficará desunido” se aparecer mais do que um candidato presidencial.
Ao mesmo tempo, o líder do PS recusa dizer se prefere apoiar na corrida a Belém o ex-ministro António Vitorino ou o ex-líder socialista António José Seguro. “Não tenho nenhuma preferência, a não ser a vontade de que o candidato da área do Partido Socialista, que partilha o mesmo ideário do PS, tenha possibilidades de vencer as presidenciais”, diz Pedro Nuno.
O líder do PS salienta ainda que “as presidenciais são candidaturas que dependem da vontade individual”, mas o processo não pode ser invertido, ou seja, alguém tem de se assumir como candidato para o PS depois tomar uma decisão.
“O PS não fará aquilo que fez, por exemplo, a Iniciativa Liberal neste fim de semana, em que a Iniciativa Liberal anuncia o seu candidato. O Partido Socialista não vai anunciar o seu candidato. O Partido Socialista anunciará o apoio a um candidato”, salienta Pedro Nuno. E para isso, a direção nacional “tem de saber quem são os candidatos”.
Na Comissão Nacional que vai decorrer no sábado há cinco hipóteses a considerar, tal como, de resto, o presidente do PS, Carlos César, já admitiu na entrevista de há uma semana na CNN, deixando tudo em aberto.
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A primeira hipótese é o PS dedicar-se a uma reflexão sobre as presidenciais, pura e simplesmente, com os comissários a dizerem a sua preferência sobre a estratégia do partido.
Uma segunda hipótese de discussão passa pela escolha entre os dois potenciais candidatos, ou seja, António Vitorino e António José Seguro. César admitiu que se a Comissão Nacional “já estiver em condições de optar por um desses nomes, ou por outro nome qualquer, a Comissão Nacional é soberana”.
Se não for o caso e a Comissão Nacional não estiver em condições de definir logo o apoio a um dos candidatos, Carlos César admitiu que o partido poderá sempre “definir, com certeza, um perfil” do candidato a apoiar ou ainda a definição dos termos de um calendário para decidir quem apoiar.
Há uma quinta hipótese, que é o cenário de encontrar e apostar noutro candidato que não seja nem Seguro nem Vitorino, sendo que o nome de António Sampaio da Nóvoa tem, de novo, circulado como potencial alternativa, na área socialista, para uma corrida a Belém.
Nada está fechado, mas estando o PS a ver Seguro a acelerar a corrida e Marques Mendes a fazer o mesmo, os socialistas veem-se obrigados a tomar uma decisão.
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César disse mesmo que não pode, “como Presidente” do partido, “deixar o PS em posição de lista de espera nas eleições presidenciais”, rematando que julga ter “condições no dia 8 de fevereiro, para tomar uma boa decisão".
Uma decisão, sobretudo, que acalme os ânimos de um PS que este sábado ouviu a antiga dirigente do partido Ana Gomes desfazer o nome de Vitorino como potencial candidato a Belém ou João Soares acusar a direção nacional de fazer “campanha de bullying político” a António José Seguro.
Ainda sem candidato para apoiar, o líder do PS vai socorrendo-se das sondagens para garantir que as coisas não estão tão mal como aparentam para o partido. Na conferência de imprensa desta segunda-feira, Pedro Nuno Santos referiu que “os candidatos do PS, seja qual for, não têm nenhuma desvantagem face ao candidato do PSD. E isso é que é, de facto, extraordinário”, assumiu.
Perante a decisão de Luís Marques Mendes avançar com uma candidatura a Belém, com o apoio do PSD, Pedro Nuno Santos diz ter uma garantia que são as sondagens.
“Qualquer dos nomes da área do PS aparecem mais bem colocados do que aquele que é o candidato inquestionável da área do PSD, que, aliás, tem um programa semanal há vários anos”. “Em desvantagem, está mesmo o candidato apoiado pelo PSD”, conclui o líder socialista.
Para Pedro Nuno, mesmo sem o apoio declarado do PS a qualquer nome, “quando se olha para a direita”, diz “não se veem “candidatos com a dimensão, a força, a capacidade, nomeadamente de representar todo o povo, que têm os candidatos da área do PS”.
O mantra da direção nacional socialista, agora, é arranjar não só um candidato para o PS apoiar, mas evitar que se multipliquem alternativas. “Temos consciência da importância de ter um candidato com possibilidades de vencer as presidenciais”, assume o líder socialista. Resta escolher quem e quando.