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Presidenciais 2026

"Democracia está a perder qualidade". Marques Mendes quer pacto para a regeneração política

10 fev, 2025 - 22:05 • Diogo Camilo

Depois de 12 anos de comentário político na SIC, Luís Marques Mendes deu, na TVI, a sua primeira entrevista como candidato a Presidente da República. Diz que não é "cópia ou imitação" de Marcelo e que “é um risco” votar em Gouveia e Melo por não ter experiência política.

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Depois de anunciar a sua candidatura à Presidência da República na sua terra natal, Fafe, na passada quinta-feira, Luís Marques Mendes garante que vem para ganhar as eleições presidenciais de 2026 e que, apesar do longo tempo de pré-campanha, pode repetir o exemplo de Jorge Sampaio - apesar de dizer que não é cópia de Marcelo Rebelo de Sousa.

Na primeira entrevista do candidato a Belém, na TVI, depois de 12 anos de comentário político na SIC, Luís Marques Mendes afirma que avançou já por uma questão de “coerência”.

“Tinha dito várias vezes que não devia fazer comentário político com uma agenda na cabeça. E durante muitos anos não tive agenda nenhuma. Mas a partir do momento em que, a meio de janeiro, tomei a minha decisão de me candidatar à Presidência da República, eu tinha uma agenda e, para ser coerente, tinha que sair. Sabia que era com muita antecedência, mas se não saísse, não só não era coerente, como corria o risco de ser criticado”, começou por dizer.

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Marques Mendes admite o tempo longo de pré-campanha, mas deu o exemplo de Jorge Sampaio, que também anunciou a sua candidatura a um ano das presidenciais e venceu as eleições.

O candidato presidencial acredita que será uma “campanha mais intensa” do que as últimas presidenciais e que o próximo ano lhe dará a “oportunidade de falar com o país de norte a sul”, desejando uma “campanha pela positiva e construtiva”.

Experiência “não é chavão, é confiança”

Sobre as suas hipóteses de vencer e as sondagens que o colocam atrás de putativos candidatos, Marques Mendes é taxativo: “Democracia é ganhar ou perder. Eu posso evidentemente perder estas eleições, mas a democracia tem a vantagem de não ter vencedores antecipados. Vou para ganhar, sobretudo porque penso que posso ser útil ao país”, afirma, referindo os seus “conhecimentos e experiência” ao longo da vida - e que experiência “não é chavão, é confiança”.

Questionado acerca de Gouveia e Melo, Marques Mendes defendeu que “é um risco” votar em quem não tem experiência política, mas descarta receios na sua candidatura e diz ter a ideia de que as sondagens “vão evoluir”.

“Não troco convicções por sondagens. O mais importante em democracia é ter convicções. Posso estar enganado, e os portugueses pensarão de maneira diferente e respeito a decisão”, sublinhou.

Sobre as candidaturas de André Ventura (Chega) e de Mariana Leitão (Iniciativa Liberal) e se vai ser o candidato do centro, Marques Mendes diz que é uma pessoa com “moderação e equilíbrio” e que durante a sua vida política fez “pontes e acordos políticos de regime”, além de “coragem para tomar decisões difíceis”, recordando que há 20 anos afastou autarcas do seu partido quando liderou o PSD.

Marques Mendes pediu ainda uma revisão do sistema eleitoral, com mudança do método de eleição dos deputados, e lembrou por duas vezes o ex-deputado do Chega, Miguel Arruda, pelos crimes de que é suspeito e pelos seus comportamentos na Assembleia da República, considerando “inaceitável” que um Parlamento não tenha instrumentos para suspender um deputado e admitindo uma revisão constitucional cirúrgica.

O candidato presidencial propôs a criação de um "pacto para a regeneração política" e defendeu também a obrigatoriedade de criação de comissões de ética dentro da estrutura dos partidos, para avaliar e fiscalizar situações de incumprimento de deveres.

Sobre a corrupção e o estado da política, Marques Mendes considera que “a democracia está a perder qualidade a um ritmo muito perigoso e muito preocupante”, muito devido aos principais partidos - referindo-se ao PS e PSD.

"Se não houver um certo pacto para regenerar a política, e com ações concretas, corremos o risco de ter outros "Tutti Frutti" no futuro", alertou, referindo-se ao processo em que o Ministério Público deduziu 60 acusações nas quais são visados sobretudo políticos dos sociais-democratas e dos socialistas.

Cópia de Marcelo? "Não sou imitação de ninguém"

Na entrevista, Marques Mendes foi abordado com uma adivinha: quem foi líder do PSD, não chegou a primeiro-ministro, foi comentador televisivo aos domingos e candidatou-se a Presidente da República na sua terra natal? A resposta tem duas faces - Marcelo e Marques Mendes, com o candidato a ser questionado se pode ser considerado uma cópia do chefe de Estado.

"Não sou nem cópia, nem imitação de ninguém. Discordei de algumas decisões do Presidente. Sou amigo do professor Marcelo Rebelo de Sousa. Mas também sou muito diferente. Não digo que sou melhor. Somos diferentes no estilo", disse, falando que pretende repetir a ideia de mais Conselhos de Estado, introduzida pelo último Presidente da República, mas que, caso seja chefe de Estado, não fará comentários a promulgações ou vetos de leis.

"O comentário do Presidente cria ruído, cria instabilidade. Não é útil. O Presidente não é co-Governo", disse, dando exemplos do que fará diferente de Marcelo.

Destaca mandatos "globalmente positivos" de Marcelo Rebelo de Sousa - o primeiro "mais tranquilo" -, mas não deixa de tecer críticas ao caso das gémeas no qual o Presidente da República esteve envolvido, indicando que o caso "desgastou muito as instituições".

"O Presidente da República, eu acho, não teve responsabilidade nesta matéria. O filho do Presidente da República é diferente e acho que aí tem responsabilidades e culpa no cartório. Se no cômpeto geral, desgastou as instituições, disso não tenho dúvidas", afirma.

Marques Mendes defende uma relação institucional com o primeiro-ministro - "sem dar aval a tudo, mas também sem destabilizar o Governo" -, referindo que é amigo de Montenegro e considerando que está a realizar um mandato "globalmente muito positivo".

Sobre a imigração, Marques Mendes defendeu que Portugal não tem imigrantes a mais. "Vejo sempre a questão da imigração como uma grande oportunidade, de um país que precisa de mão de obra para o conjunto alargado de investimentos que tem, que pelo saldo natural vai perdendo população. Por todas estas questões, precisamos de imigração", considera.

O candidato a Belém defende uma "imigração devidamente regulada e integrada", indicando que neste momento estão a existir negociações entre Governo, empresas e confederações.

[artigo atualizado às 22h55 com mais informação]

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