13 fev, 2025 - 10:43 • Teresa Almeida
O vice-presidente da Frente Cívica, João Paulo Batalha, defende que a nomeação do novo secretário de Estado da Administração Local “devia ter sido evitada” e que o Presidente da República deveria pedir explicações pela escolha
“O primeiro-ministro, com esta nomeação, mostra bem a lógica clientelar, de proximidade em muitas destas relações pessoais e políticas, e a forma como muitas destas carreiras se fazem”, diz Batalha à Renascença.
“Silvério Regalado usou a Câmara para contratar serviços ao escritório de Luís Montenegro, numa altura em que Luís Montenegro estava, digamos, numa espécie de pousio na sua carreira política. Depois, Luis Montenegro recompensa o presidente da Câmara, colocando-o, em primeiro lugar, nas listas de deputados em 2024, quando ele já estava no último mandato. e agora trá-lo para o Governo", lembra o dirigente da Frente Cívica.
"Há, seguramente, aqui uma relação de boa confiança pessoal e de confiança política, mas há também esta lógica de dois quadros políticos ajudarem-se mutuamente nas suas carreiras, alimentarem-se um ao outro e isto, de facto, mostra a natureza de aparelho de muitas destas carreiras”, assinala João Paulo Batalha.
Para João Paulo Batalha, não será, contudo, fácil ao primeiro-ministro admitir a situação e levar Silvério Regalado a ficar de fora destas nomeações.
O vice-presidente da Frente Cívica também acha improvável que o primeiro-ministro não soubesse do que se passa, o que torna tudo ainda mais grave: “Seria impossível que isto não se soubesse o que torna a coisa ainda mais preocupante é que quer o primeiro-ministro quer o novo secretário de Estado estão perfeitamente tranquilos com um este tipo de relacionamento, que infelizmente é prática comum na política e não veem problema nenhum em que isto se saiba."
"É uma nomeação muito problemática porque deixa absolutamente transparente a lógica de auxílio mútuo, que existe nos partidos políticos", reforça.
O vice-presidente da Frente Cívica pede a intervenção do Presidente da República porque “esta nomeação devia ter sido evitada”.
“Eu acho que dificilmente Luís Montenegro vai querer recuar nela, mas acho que o Presidente da República devia pedir explicações. Que é natural, que não se sinta à vontade com ela, sobretudo porque ela expõe um relacionamento que não é propriamente salubre e, portanto, também mina a capacidade do secretário de Estado e a sua autoridade política para intervir no cargo que vai ocupar”, remata.
GOVERNO
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