20 fev, 2025 - 20:56 • Tomás Anjinho Chagas , Susana Madureira Martins
No meio do turbilhão que atinge o Bloco de Esquerda (BE), a direção do partido desvaloriza a saída em massa de militantes, devolve críticas e avisa que a notícia de que 70 pessoas querem abandonar o partido "carece de confirmação".
Numa carta enviada pela Comissão Política (direção) do Bloco de Esquerda aos militantes, a que a Renascença teve acesso, intitulada "O que se passa na distrital de Portalegre?", o núcleo duro de Mariana Mortágua defende-se e fala numa situação de "enorme gravidade, sem precedentes na história do partido".
No texto que está a circular entre os militantes bloquistas, a direção do partido confirma que das 70 saídas anunciadas na comunicação social, só recebeu "14 pedidos de desvinculação" e adianta que "nenhum" dos membros que alegadamente querem sair "tinha pago as quotas em 2024".
O Bloco de Esquerda assegura que "procurou contactar telefonicamente" os 70 dissidentes, e assegura que a "maioria dos alegados demissionários não respondeu a este contacto ou não tinha qualquer número telefónico registado". Além disso, alega que "cinco aderentes negaram a intenção de sair e verificou-se, ainda, que uma das pessoas que se teria agora demitido faleceu há mais de um ano".
Na carta, a comissão política do BE avisa que "nas próximas semanas vão multiplicar-se na imprensa anúncios semelhantes" e fala num "processo de abandono público do Bloco por elementos de uma corrente interna - a Convergência". Ou seja, a liderança de Mariana Mortágua associa esta saídas à oposição interna, encabeçada por Pedro Soares, antigo deputado bloquista que disputou a corrida à liderança na convenção de 2023.
Sem nunca mencionar o caso dos despedimentos de recém mães, a direção do partido argumenta que esta oposição alimenta uma "ofensiva comunicacional contra o BE" sustentada em "falsas acusações" relacionados principalmente da "questão ucraniana".
O Bloco considera que as saídas se tratam de "decisões legítimas e naturais em qualquer partido", mas critica o processo em curso: "Mas nunca uma saída coletiva tinha recorrido à intoxicação política nem ao abuso do nome de aderentes, incluídos em listas de demissão contra a sua vontade", rematam.
O partido vai voltar a ter eleições internas, em maio, e Mariana Mortágua já anunciou que é recandidata, numa altura em que o partido tenta aguentar-se entre as polémicas internas e as sucessivas perdas eleitorais.