24 fev, 2025 - 19:51 • Manuela Pires
Ainda não é desta que António José Seguro revela se é candidato, porque este ainda é o tempo de “ouvir o país”. Num debate sobre a sustentabilidade da democracia, o antigo líder do PS nunca se referiu a Gouveia e Melo, mas acabou por criticar o almirante quando defendeu, no Expresso, que o Presidente da República pode dissolver o Parlamento se o Governo não cumprir as promessas eleitorais. Seguro avisa que essa não é uma competência do chefe de Estado, mas sim da Assembleia da República.
“Eu estou muito de acordo com aquilo que são os poderes do Presidente da República. Para mim, considero um erro, já disse isso, volto a repetir, que o chumbo de um Orçamento equivale a uma dissolução do Parlamento. Segundo, quem avalia o cumprimento das promessas eleitorais é o Parlamento durante os quatro anos, e depois no final, é o povo. Isso é muito claro na Constituição, aliás, quem pensa ao contrário está a cometer um verdadeiro atropelo à Constituição”, avisa António José Seguro.
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No debate promovido pela SEDES Jovem sobre a sustentabilidade da democracia, Seguro voltou a defender que os governos devem ter um projeto definido e que os partidos têm de agir de forma a garantir que a democracia não é destruída. No debate apontou caminhos, aos jornalistas garantiu que ainda está a ouvir o país e ainda é cedo para falar de presidenciais.
“Eu tenho estado a ouvir o país e hoje, mais uma vez, vim conversar com jovens sobre um tema importantíssimo que é a democracia. Porque a democracia, neste momento, está sob ataque, está sob ameaça e a democracia é o regime onde as pessoas podem viver melhor."
Presidenciais 2026
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"O que é alternativa a esta democracia é uma democracia com mais qualidade e, por isso, temos de ter mais exigências, sobretudo, nas respostas aos problemas das pessoas e nas respostas aos problemas dos jovens”, diz o antigo líder socialista.
Ao lado da líder parlamentar da Iniciativa Liberal e candidata à presidência da república, António José Seguro avisa que as pessoas estão cansadas de discursos e querem políticos que façam diferente e resolvam os problemas, dando exemplo do desemprego jovem e da habitação.
“Porque há determinadas mudanças, e nós precisamos de fazer muitas nos regimes democráticos, que têm de ser feitas através da ação concreta. As pessoas já não acreditam em discursos, já não acreditam em palavras e só restabelecem e recuperam a confiança nas instituições através do exemplo de quem está à frente delas. Ora, se há uma distância entre o que se diz e o que se faz, as pessoas dizem, isto é mais o mesmo, as pessoas querem políticos diferentes, que façam diferente e que respondam aos problemas concretos”, refere António José Seguro.
Na convenção “Pensar Portugal”, promovida pela SEDES Jovem, Mariana Leitão, a candidata à Presidência da República apoiada pela Iniciativa Liberal, considerou que o artigo de Gouveia e Melo é o pontapé de saída para a campanha eleitoral e criticou o almirante por dizer que a Presidência não pode ser um “apêndice dos interesses partidários”.
“O sistema em que nos encontramos, o sistema democrático, é composto por partidos políticos, caso contrário, ou vivíamos numa anarquia ou vivíamos numa autocracia e, dispenso vivamente qualquer um desses sistemas", declarou Mariana Leitão.