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PCP anuncia moção de censura ao Governo, Chega vota a favor

01 mar, 2025 - 21:03 • Fábio Monteiro

Se o Governo avançar com uma moção de confiança, Chega, PAN e Livre votam contra.

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O PCP anunciou que vai apresentar uma moção de censura ao Governo no Parlamento. E o Chega já veio dizer que irá votar a favor dessa iniciativa. O PS não viabiliza a censura do Partido Comunista nem uma eventual moção de confiança do Governo.

Após a declaração ao país do primeiro-ministro, o líder comunista, Paulo Raimundo, revelou que “o PCP apresentará uma moção de censura ao governo nos próximos dias”.

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“Este Governo e a sua política não merecem confiança. Merecem sim censura e condenação e com autoridade coerência de quem desde a primeira hora não alimentou expectativas”, frisou.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, abriu, este sábado, a porta a uma moção de confiança e anunciou que vai passar a empresa familiar para o nome dos filhos .

Vídeo. Luís Montenegro ameaça com moção de confiança e passa empresa aos filhos
Vídeo. Luís Montenegro ameaça com moção de confiança e passa empresa aos filhos

Nem censura nem confiança, avisa PS

Numa reação à declaração do primeiro-ministro, o secretário-geral do PS avisa que não vai viabilizar qualquer moção de confiança ao Governo.

Pedro Nuno Santos considera que Luís Montenegro foi “prepotente e irresponsável” e é "um dos principais fatores de instabilidade em Portugal".

Sobre a moção de censura anunciada pelo PCP, o líder socialista considera que o Partido Comunista caiu na armadilha e não vai viabilizar a iniciativa.

Chega ao lado do PCP

O Chega foi o primeiro partido a reagir. André Ventura descreveu a comunicação de Montenegro como “uma das mais inapropriadas declarações que há memória em democracia”. E sublinhou que primeiro-ministro “não respondeu a nenhuma das questões fundamentais”.

A dado momento, Ventura comparou mesmo o comportamento de Montenegro com o de José Sócrates no passado. “José Sócrates não faria muito diferente.”

O líder do Chega comunicou, então, que se o Governo avançar com uma moção de confiança, o seu partido irá votar contra. “É impossível viabilizar a confiança de um primeiro-ministro com este grau de suspeição sobre si próprio. Se o fizéssemos, estaríamos a trair tudo aquilo em que acreditamos.”

Momentos mais tarde, em declarações à “CNN”, o vice-presidente do Chega, Pedro Frazão, anunciou que o Chega vai votar a favor da moção de censura do PCP.

Ou seja, basta o PS votar também favoravelmente a iniciativa do PCP para o Governo cair.

Montenegro "não apaga a mancha", diz IL

Rui Rocha, da Iniciativa Liberal (IL), considera que Luís Montenegro "não compreendeu a gravidade da situação" em que se envolveu, porque não é aceitável um primeiro-ministro receber avenças de empresas.

Deveria ter passado a empresa familiar aos filhos no início da polémica e, agora, “não apaga de todo toda a mancha que essa situação trouxe à sua própria pessoa”.

"Vai sempre questionar-se se, de facto, são só os filhos que gerem a empresa e se o primeiro-ministro está de alguma maneira envolvido ou, pelo menos, se ela não existe apenas porque existe o primeiro-ministro, que foi aliás a pessoa que angariou os contratos", sublinha Rui Rocha, para quem Luís Montenegro está "fragilizado" e é um "foco de instabilidade".

O líder da IL vai analisar os fundamentos da moção de censura do PCP, mas refere que "à partida será muito difícil" acompanhar os argumentos comunistas e votar a favor da queda do Governo. Rui Rocha sublinha que a moção de censura não impede Montenegro de apresentar a moção de confiança.

BE viu “confissão das incompatibilidades”

Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, acusou Montenegro de fugir às suas responsabilidades e de não prestar esclarecimentos.

“Ter decidido vender a sua empresa é, em si, uma confissão das incompatibilidades, essa foi a única informação que conseguimos retirar desta declaração à imprensa”, disse.

Quanto à moção de censura do PCP, a bloquista não se comprometeu, para já. Disse apenas que o partido irá “avaliar” e que ainda “falta conhecer o texto”.

Livre sem confiança em Montenegro

Rui Tavares, do Livre, considera que a declaração do primeiro-ministro foi “dúbia” e se for apresentada uma moção de confiança o partido vai votar contra.

“Nós não temos confiança institucional e política neste primeiro-ministro para resolver os seus conflitos de interesses e essa falta de confiança agravou-se ainda hoje, porque ele não tomou nenhum dos caminhos que permitiria tentar sanar a situação, afirmou Rui Tavares, em Lisboa.

O líder do Livre afirma que “um ano e meio após uma crise política, eis-nos mergulhados noutra crise política, mas desta vez não com elementos de crise de regime, mas por exclusiva e única responsabilidade do primeiro-ministro e da sua imprevidência pessoal, falta de clareza e falta de transparência na gestão de conflitos de interesse”.

PAN vota contra moção de confiança

O PAN também irá votar contra, caso o Governo avance com uma moção de confiança. O partido “dificilmente poderá acompanhar favoravelmente” tal ideia.

Inês Sousa-Real, líder do PAN, disse que Montenegro "não só não prestou todos os esclarecimentos que necessitava de prestar ao país, como também não pediu desculpa aos portugueses por esta situação que foi criada, e que é suscetível também de criar aqui uma situação de desconfiança”.

CDS desafia PS e IL

O CDS, parceiro de Governo do PSD, ficou convencido com as explicações do primeiro-ministro e considera que não há razão para mergulhar o país numa crise política.

Depois de o PCP anunciar uma moção de censura, Paulo Núncio colocou o futuro do executivo de Luís Montenegro nas mãos de socialistas e liberais.

“Compete agora ao PS e IL dizerem se estão ao lado do PCP e previsivelmente do Chega, trazendo a Portugal uma instabilidade totalmente irresponsável. Da sua decisão dependerá o futuro da presente legislatura. O CDS estará, como sempre, do lado da estabilidade e dos portugueses”, declarou o dirigente do CDS.

[notícia atualizada - com a reação de Pedro Nuno Santos]

Comentários
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  • Paulo Machado
    02 mar, 2025 Lisboa 13:47
    Como foi possível o PCP ter caído no engodo lançado pelo Primeiro-Ministro, e desse modo desonerar o Governo da apresentação de uma Moção de Confiança? Não terá sido por inexperiência política, conhecendo-se a sua história. Tão-pouco por ignorância sobre as consequências que daí resultam (chumbo do PS inviabiliza essa Moção do PCP). Taticismo puro, porque as eleições antecipadas não lhes trazem vantagens previsíveis? Mas com este tipo de comportamento político, serão maiores as chances de evitar a irrelevância política a curto ou médio-prazo? Imaginando que nenhum partido tinha a iniciativa (suicida) de propôr uma Moção de Censura, quanto tempo restaria ao Primeiro-Ministro para a apresentar uma Moção de Confiança? Dias, semanas?. Sobretudo depois do tipo de interevnção deset sábado, alguém esqueceria essa ameaça? Péssimo serviço à Democracia! Não esqueceremos, senhores e senhoras do Comité Central. EM minha opiniao, foi uma traição ao País e aos seus interesses.
  • ze
    02 mar, 2025 aldeia 13:35
    A diferença de coerência é esta: absteve-se na moção de censura aprovada pelo CHEGA.......agora o CHEGA vota a favor da moção de censura do pcp.....só não vê a coerência quem não quer ver.

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