06 mar, 2025 - 15:13 • João Pedro Quesado
Durante o debate da moção de censura do PCP, na quarta-feira, o ministro da Presidência António Leitão Amaro segurou uma folha para que câmaras e deputados não conseguissem perceber o que estava a dizer ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, repetindo um gesto muito comum em plenários no Parlamento. No meio de uma crise política e de eleições legislativas praticamente certas, foi o que estava escrito na folha que se tornou notícia.
A foto, tirada pelo fotojornalista Manuel de Almeida, da Agência Lusa, é uma de muitas do debate na Assembleia da República. Contudo, saltou à vista por tornar visíveis sete pontos que, juntos, parecem formar um plano do Governo para os dias até ao debate da moção de confiança. Se é mesmo assim, ou apenas a primeira ideia de um plano, só o Governo sabe.
Nos primeiros dois pontos, Leitão Amaro apontou a passagem de ministros pelas televisões depois do debate da moção de censura. O que aconteceu – por exemplo, o próprio ministro da Presidência foi entrevistado na SIC Notícias na quarta-feira, durante cerca de 20 minutos, entre as 21h30 e as 22h.
O terceiro ponto fala da entrega de respostas aos partidos nesta quinta-feira, depois de Luís Montenegro ter sido repetidamente acusado, durante o debate, de se furtar às perguntas da oposição e da comunicação social.
Para esta sexta-feira, 7 de março, surge a indicação “CM medidas” - ou seja, que serão apresentadas medidas (como é normal) pelo Governo no Conselho de Ministros marcado para esta sexta-feira, às 10h.
A possibilidade de outro Conselho de Ministros surge depois novamente, num sexto ponto, com um ponto de interrogação. Entre os setores onde pode haver medidas anunciadas parecem estar as infraestruturas, a Proteção Civil e o plano “Água que une”, um lema que o Governo usou pela primeira vez em maio de 2024 e que estava em elaboração por um grupo de trabalho.
Entre esses dois pontos parece estar prevista uma entrevista do primeiro-ministro a três canais de televisão, entre sexta e segunda-feira. O último ponto é, precisamente, o debate da moção de confiança, que tem de ser marcado para o “terceiro dia parlamentar subsequente” à moção dar entrada no Parlamento.
Essa moção, "em nome da estabilidade", foi aprovada esta quinta-feira pelo Governo, e o ministro Pedro Duarte disse, no Parlamento, que a moção de confiança já foi entregue e pode ser votada na próxima terça-feira, dia 11 de março.