10 abr, 2025 - 16:18 • João Pedro Quesado
Marcelo Rebelo de Sousa considera que o regresso de Portugal aos défices era "esperável". O Presidente da República reagiu assim à previsão do Conselho de Finanças Públicas, divulgada esta quinta-feira, de um saldo de 0% nas contas públicas em 2025 e um défice de 1% do PIB em 2026.
"Já era esperável, o próprio Governo já tinha dito isso", afirmou Marcelo aos jornalistas, apesar de o Governo ter recusado a previsão de défice ainda esta manhã. "Nós tivemos um ano excecional, que foi o ano passado, e outro excecional no anterior, que foi 2023", acrescentou o chefe de Estado, apontando que "já se sabia que 2025 iria ser um ano em que era difícil acompanhar o crescimento de 2024 e 2023, o Governo já tinha admitido que ia diminuir o ritmo de crescimento, e começam a pagar-se juros da dívida".
O Presidente da República apontou ainda que era "inevitável" antecipar a chegada de Portugal aos 2% do PIB em despesa de Defesa, porque "todos sabiam que Portugal estava a atrasar isso", e considerou que Portugal fez bem em esperar para anunciar medidas em resposta às tarifas e guerra comercial desencadeada por Donald Trump.
Finanças Públicas
A estimativa é de um défice de 1% do PIB em 2026 e(...)
"A União Europeia fez bem em reagir com serenidade, sem pressa, ponderadamente, e Portugal fez bem primeiro porque tem de atuar concertadamente, e segundo porque as medidas mais urgentes são as mais urgentes, que é, como é que enquanto isto vai durar, avança, recua, avança, recua, como é que se vai ajudar aqueles que são prejudicados de forma muito urgente, no imediato, e as medidas que foram anunciadas [...] são prudentes, não foram rápidas, são cuidadosas, porque estão a lidar com um homem que é imprevisível".
O chefe de Estado reconheceu ainda uma vantagem do Governo em estar em posição de anunciar medidas antes das eleições legislativas de 2025. "Não escondo que isto é uma vantagem enorme dos governos face às oposições", disse, sublinhando que "quem tem poder, pequeno que ele seja, é sempre favorecido".
Donald Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas esta quarta-feira, levando a União Europeia a suspender as tarifas que tinha aprovado em retaliação. Sobre a guerra comercial, Marcelo Rebelo de Sousa apontou que "não há uma nova ordem e há imprevisibilidade", já que "o Presidente norte-americano é muito marcado pela sua forma de ser".
"Normalmente estas situações nunca acabam muito bem", previu o Presidente da República, admitindo que "a América é um império, mas os impérios acabam" e "não há nada de eterno nem de definitivo".