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LEGISLATIVAS 2025

Pedro Nuno Santos vs. Rui Rocha. Da motosserra que “corta o Estado social ao meio” à solução para a calvície

10 abr, 2025 - 22:25 • Susana Madureira Martins

Líder do PS garantiu que "nunca" foi um "radical de esquerda" e presidente da IL negou o "fantasma" de Milei, o presidente liberal argentino.

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Não houve gritos, o tom até foi sereno, mas Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, e Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal (IL), não se entenderam sobre nenhum dos temas que debateram na RTP1 em mais um frente-a-frente antes das eleições legislativas de 18 de maio.

A redução da carga fiscal foi um dos temas que aqueceu o debate, com Rui Rocha a defender que “é preciso baixar impostos”, carregando na necessidade de reduzir o IRS, ao passo que Pedro Nuno Santos tem defendido que é preciso baixar os impostos do consumo.

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O líder do PS critica as propostas da IL, mas também da AD, que acusa de preverem uma despesa fiscal maior do que a proposta pelos socialistas. “Apenas a redução do IRC custa mais do que as nossas medidas”, disse Pedro Nuno Santos, falando de um programa “realista e prudente”.

“A IL apresenta reduções fiscais em relação a tudo, é a solução mágica”, disse ainda o líder do PS, que ironizou: “Se perguntarmos como se resolve o problema da calvície em Portugal, o Rui Rocha dirá que é baixando um imposto”. Ao que o líder da IL deu o troco: “O Pedro Nuno Santos responderá que é com mais Estado, mais despesa, com menos dinheiro no bolso dos portugueses”.

"A motosserra que corta o Estado social ao meio"

Outro dos temas em debate foi a eficiência do Estado, contemplada no programa da IL divulgado esta quinta-feira e à questão do jornalista sobre se defende despedimentos em massa na Função Pública, Rui Rocha rejeitou: "Não preconizo, preconizo a eficiência do Estado", garantindo que o partido que lidera tem "um programa de racionalização da administração pública" e de eliminação da burocracia.

"Não queremos é redundâncias", justificou o líder liberal, que insiste na necessidade de evitar que o aparelho do Estado "esteja a servir clientelas" e que "os portugueses paguem ineficiências".

Na resposta, Pedro Nuno Santos notou que a IL quer "eliminar redundâncias" e, ao mesmo tempo, prevê no programa eleitoral a criação de uma "nova estrutura" de modernização do Estado. Se ganhar as eleições, o líder do PS promete dizer aos ministros que garantam que "eliminam as redundâncias. Não precisamos de cortar nenhuma nova estrutura qual motosserra que corta o Estado social ao meio", ironizou Pedro Nuno Santos.

Rui Rocha garante que não é exatamente isso que a IL prevê no programa eleitoral e o que está previsto, diz, são "várias soluções possíveis nas quais estão ou não estão situações como essa que descreve, para sermos corretos".

Rocha renega Milei, Pedro Nuno diz "nunca" ao radical de esquerda

O atual posicionamento ideológico dos dois líderes partidários causou desconforto a ambos, nisso houve convergência. Questionado sobre a ligação que a IL tem com o presidente da Argentina, Javier Milei, um ultraliberal, adepto da designada "motosserra orçamental", Rui Rocha respondeu que "o posicionamento da IL está traduzido no programa eleitoral".

O líder liberal acrescentou que a sua visão ideológica é a do "liberalismo europeu, que trouxe prosperidade a muitos países europeus que adotaram as propostas" que a IL propõe. "A Argentina está lá do outro lado do mar, nós estamos na Europa, não vale a pena trazer fantasmas, o meu programa eleitoral está aí", sentenciou Rocha.

Também Pedro Nuno Santos, questionado sobre o seu atual esforço de moderação e posicionamento de políticas ao centro, respondeu que nunca saiu do lugar. "Nunca fui um radical de esquerda", garantiu o líder do PS. À segunda tentativa do jornalista da RTP, o secretário-geral socialista respondeu que o seu "posicionamento político é o mesmo, não há um exemplo de propostas políticas que tenha defendido que possa ser considerado radical", justificou.

Logo a seguir, Pedro Nuno Santos projetou para Rui Rocha: "Já a IL não pode dizer o mesmo. A IL propõe-se a privatizar a RTP, a IL é que é radical", rematando que quando ouve Rui Rocha dizer que "quer avançar Portugal, quer avançar Portugal é contra uma parede".

Tarifas de Trump. Pedro Nuno queixa-se que Governo não "articula" com PS

No dia em que o Governo da AD apresentou o programa Reforçar, um conjunto de medidas de apoio às empresas afetadas pelas tarifas anunciadas pela administração Trump, o líder do PS disse no debate com Rui Rocha que "era fundamental" que estes apoios surgissem, não voltando, contudo, a criticar a demora do executivo em tomar uma decisão.

"Defendemos que fosse apresentado um pacote que desse segurança à economia", começou por dizer Pedro Nuno Santos, escusando-se a mais comentários, alegando não conhecer o plano "em pormenor". O líder socialista deixou, entretanto, uma farpa ao Governo da AD, que "em contexto eleitoral e perante compromisso daquela magnitude, devia ter tido o cuidado de articular com o outro partido que pode ganhar as eleições e ter de governar".

O líder socialista acabou por reconhecer que "um plano que ajude a redirecionar as empresas para outros mercados exportadores era fundamental ser apresentado".

Já Rui Rocha não se quis alongar muito no tema, referindo a "irresponsabilidade" da Administração Trump numa eventual crise económica que "traz consequências para todos". "As tarifas são más para todos se entrarmos numa guerra comercial", acrescentou o líder dos liberais, que "politicamente" percebe "que se faça uma ação cirúrgica", mas salientando que quanto aos apoios "é precipitado falar já".

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