21 abr, 2025 - 10:38 • Olímpia Mairos
O cardeal D. Manuel Clemente destaca que o Papa Francisco trouxe “à Igreja e mesmo além da Igreja àquilo que são as fronteiras do Evangelho”.
“Ele estava sempre aí, onde era preciso estar”, assinala, sublinhando que “a sua primeira saída foi precisamente a Lampedusa para estar junto daqueles que sobreviviam a atravessar o Mediterrâneo em busca de melhor vida”.
D. Manuel Clemente lembra também que nas suas viagens Francisco “foi sempre escolhendo os sítios onde era preciso estar, como testemunho, como alento, com tudo aquilo que as pessoas mais precisam quando estão em situações difíceis”.
“E foi sempre assim, ainda a sua última visita, já neste estado de saúde tão complicado, àquela prisão de Roma, Regina Coeli, ali perto do Vaticano, para estar com os prisioneiros”, exemplifica.
“As fronteiras do Papa Francisco foram sempre as do Evangelho”, sublinha, destacando “a sua constante atividade em favor da paz. E certamente que agora ele junto de Deus ainda mais fará nesse sentido para que a paz venha finalmente a tantos cenários de guerra que nunca mais se resolvem”.
O cardeal D. Manuel Clemente realça também o papel do Papa no que diz respeito às fronteiras internas da Igreja, “no sentido da purificação de tudo aquilo que era preciso e que continua a ser preciso purificar, porque isto é uma atividade permanente, também na simplificação da vida evangélica, na relação com Deus e na relação uns com os outros, nas nossas comunidades, neste caminho que nós devemos fazer em conjunto e que ele prezava tanto, a chamada sinodalidade”.
“Tudo isto que o Papa Francisco foi fazendo ao longo destes anos fica como uma marca fortíssima na vida da Igreja e certamente continuará a ser seguido”, acrescenta.
O patriarca emérito de Lisboa salienta ainda que o Papa Francisco “não era apenas um Papa para os exteriores”, mas era também um “Papa muito espiritual”.
“É um Papa que nós ainda demoraremos muito tempo a apanhar em tudo aquilo que ele fez e que ele nos deixou, concretamente relendo os seus documentos”, vinca.
Para D. Manuel Clemente, Francisco “tem o seu pensamento e o seu coração naquilo que nós podemos chamar o tempo de Cristo”.
“Eu creio que ele era, sobretudo profundamente evangélico no sentido de Evangelho vivo e, por isso, muito atento à realidade das pessoas e vendo-as e tratando-as a partir da sua intensidade espiritual”, sublinha.
“O Papa, o que ele é, é muito atento à realidade, vendo-a e apreciando-a com critério evangélico e, depois, muito consequente nas iniciativas que toma e que nos convida a tomar”, acrescenta.
D. Manuel Clemente conclui dizendo que a vida de Francisco foi “realmente muito evangélica e quem teve a graça de privar alguma coisa com ele, como em alguns momentos aconteceu comigo, foi sempre uma palavra de incentivo, uma palavra de coragem, para que o Evangelho passe daquelas páginas em que os temos nas nossas Bíblias para a vida concreta, na atenção às pessoas e na resposta que lhe devemos dar”.