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Renascença em Roma

250 mil pessoas viram o Papa. Há quem vá dormir ao relento para garantir lugar para o funeral

25 abr, 2025 - 21:28 • João Pedro Quesado, enviado a Roma

Uma freira passou o fim da tarde junto às grades antes da Praça de São Pedro, preparando-se para descansar o que puder nas imediações do Vaticano antes das portas abrirem. Muitos ficaram desiludidos por não poder velar Francisco ao fim do dia.

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“Não” é a palavra que mais se ouve nas imediações do Vaticano ao fim da tarde de quinta-feira. As autoridades começaram a fechar a Praça de São Pedro alguns minutos antes das 17h, preparando o fim da fila e encerramento da Basílica. Mas, uma hora depois, apesar dos avisos nos telemóveis de todos em Roma, ainda havia pessoas a procurar entrar.

Um padre italiano chegou pouco depois do encerramento. Olhou nervosamente para o sentido do fluxo das pessoas, perguntou aos voluntários e depois à polícia, e saiu frustrado. Um casal levou a “nega” com mais naturalidade, mas a reação mais comum era de alguma frustração.

“Estou mesmo triste”, disse Jason, um jovem malaio que viu Francisco pela primeira vez na Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro, e explicou estar em Roma “por motivos de trabalho” e achar “que conseguia chegar” à fila a tempo.

“Na verdade, chegamos aqui às 16h50. Eles mudaram alguma coisa em cima da hora. A mensagem dizia que fechavam às 17h”, aponta Jason, referindo-se ao aviso que soou em todos os telemóveis na área de Roma por volta a hora de almoço, “mas quando chegamos já tinham fechado as grades e diziam que não era possível”.

O funeral do Papa Francisco, que acontece este sábado, obriga a elevadas medidas de segurança. Além do significado do momento, que deverá levar centenas de milhares de pessoas à Praça de São Pedro, a presença de centenas de chefes de Estado e representantes diplomáticos faz subir as exigências das autoridades.

Apesar de isso, há quem planeie dormir ao relento durante a noite para garantir um lugar. É o caso da irmã Ana, italiana, que está encostada às grades a ver milhares de pessoas a sair do Vaticano.

“Vi o Papa há dois dias”, conta, sentindo-se “muito emocionada” depois de quatro horas na fila.

“Vi o Papa connosco, tive uma visão, o Papa está connosco”, acrescenta a religiosa. Porque estava Ana à saída da Praça? “Porque quero estar na Praça amanhã, e vou dormir aqui”, diz naturalmente.

Um dos voluntários da segurança contou que estas reações eram a minoria entre pessoas que mostraram algum desagrado, principalmente quando a decisão de fechar o acesso foi cortada.

O que era visível na Via della Conciliazone, dominada pela visão da imponente cúpula da Basílica de São Pedro, eram muitas pessoas a tentar entrar e a pedir informações aos voluntários de segurança sobre o dia seguinte. Outros aproveitavam o mar de dúvidas para passar a primeira barreira — mas eram rapidamente parados no segundo muro humano, onde a polícia é a maioria.

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