20 mar, 2025 - 20:00 • Redação com Lusa
O mau tempo registado devido à passagem da depressão Martinho pelo continente português provocou 8.600 ocorrências, entre as 00h00 de quarta-feira e as 22:00 de quinta, devido à passagem da depressão Martinho.
Um total de 15 pessoas ficaram desalojadas: 13 na Lourinhã e três na Madeira. Noutro incidente provocado pelo temporal do último dia, 200 pessoas deslocadas no parque de campismo do Pinhal Novo, devido à queda de árvores.
A região de Lisboa e Vale do Tejo foi a mais afetada pela tempestade Martinho, com 5.051 ocorrências, 61% do total em todo o território. Segue-se a sub-região da Grande Lisboa, com 3.082 ocorrências, e a região Centro, com 1.610 ocorrências.
Em todo o país foram registadas 4.485 quedas de árvores, 2.098 quedas de estruturas e 1.480 limpezas de via, adianta o comandante Pedro Araújo.
O registo diz respeito ao período entre as 00h00 de quarta-feira e as 11h00 de quinta-feira, com destaque para a queda de árvores, tendo-se verificado ainda algumas inundações.
A depressão Martinho motivou um aviso meteorológico laranja (o segundo nível mais grave, numa escala de três) para vento e chuva durante a noite, em vários distritos. Mantêm-se ativos avisos amarelos para vento, chuva e agitação marítima durante o dia de hoje.
Em conferência de imprensa ao início da tarde, Alexandre Penha, adjunto de operações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), falou numa situação anormal.
"Não posso falar de recordes [...], mas posso dizer que é uma situação que ultrapassa a média de ocorrências para um fenómeno deste tipo", assinalou o adjunto de operações na sede da ANEPC, no concelho de Oeiras (distrito de Lisboa).
Se as árvores ou outras infraestruturas causadoras(...)
"Nesta altura é difícil ter um quantitativo de todos [os meios mobilizados], porque estamos a falar de diversas entidades, (...) mas [estarão] acima dos milhares", estimou.
Além dos desalojados, há registo de um maquinista da CP ferido, quando o comboio que dirigia na Linha de Cascais chocou contra uma árvore caída na linha. O incidente obrigou ao condicionamento da circulação. Pelas 15h00, a circulação ferroviária na Linha de Cascais ainda estava condicionada, fazendo-se apenas entre o Cais do Sodré e Algés, uma ligação retomada por volta das 13h00, indica fonte da CP à Renascença.
Já na Linha do Norte, a circulação está condicionada entre Bobadela e Alverca, das quatro vias existentes, apenas duas estão a fazer a ligação.
Na área da Grande Lisboa, a zona de Monsanto foi uma das mais afetadas.
Segue-se Setúbal, com 10%, e depois Porto e Coimbra, ambas acima das 300 ocorrências, especificou Alexandre Penha. No Alentejo também há registo de danos. e também há destruição de bens no Estádio do Rio Ave e no Estádio de Oliveira do Hospital.
O cenário de chuva e vento forte vai manter-se nos próximos dias, pelo menos até sábado, realçou, admitindo que possa haver "algum desagravamento", mas não descartando "fenómenos de vento extremo", especialmente no litoral e nas zonas Centro e Sul do país.
"A agitação marítima vai manter-se permanente", assinalou, apelando à população para que tenha cuidado e se afaste do mar. .
O aumento do caudal dos rios e das bacias hidrográficas -- sobretudo as do Tejo, Mondego e Guadiana -- poderá resultar em inundações e cheias, acrescentou, prevendo ainda a queda de neve abaixo da área mais habitual da serra da Estrela.
A Proteção Civil pede à população para que evite deslocações e "riscos desnecessários", reforce a fixação de objetos soltos e limpe os sistemas de drenagem da água.
O mau tempo provocou também danos em culturas no Oeste e Alentejo, que precisam de ser contabilizados. O alerta é do secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal, a CAP.
Em declarações à agência Lusa, Luís Mira refere que a tempestade danificou estufas, partiu árvores, estragou culturas.
Na área da educação, a escola básica Bernardim Ribeiro em Odivelas está encerrada até segunda-feira. O vento forte provocou danos na cobertura e gradeamento do estabelecimento de ensino.
Há ainda milhares de pessoas sem energia elétrica, indica a e-redes.
A acompanhar a situação ao longe, o primeiro-ministro, Luís Montenegro garante que o Governo será rápido, em articulação com as autarquias, na reposição da normalidade e no levantamento dos estragos para avançar de imediato com a ajuda às populações afetadas pelo mau tempo.
A passagem da depressão Martinho, com chuva, vento e agitação marítima fortes, provocou milhares de ocorrências no continente português, na maioria quedas de árvores e estruturas, sobretudo na madrugada de quinta-feira, quando vigoraram avisos meteorológicos laranja, o segundo nível mais grave.
Estradas, portos, linhas ferroviárias, espaços públicos, habitações, equipamentos desportivos, viaturas e serviços de energia e água foram afetados, em especial nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Sul, registando-se um ferido grave e perto de uma dezena de feridos ligeiros.
Na noite de quarta para quinta-feira, os ventos fortes ajudaram a propagar cerca de meia centena de incêndios rurais no Minho, sem registo de vítimas ou danos em habitações, numa época pouco propícia a fogos.
O cenário de chuva e vento fortes vai manter-se até sábado, segundo as autoridades.
[notícia atualizada às 05h15 de sexta-feira, 21 de março]