27 abr, 2025 - 16:05 • Ana Catarina André , Maria João Costa , João Pedro Quesado , enviados a Roma
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) diz que o novo Papa não vai ser uma cópia de Francisco. Em entrevista à Renascença, D. José Ornelas acredita que o perfil do próximo Papa deve “acumular” o legado de Francisco.
“O novo Papa não vai ser uma cópia do Papa Francisco. Não há cópias de seres humanos, os clones aqui não funcionam”, afirma o bispo de Leiria-Fátima, para quem o próximo pontificado “vai ser diferente”, mas “essa diferença pode acumular e não tem de ser contrária a esta”.
D. José Ornelas aponta que “não há condições na Igreja” para “parar o processo” sinodal iniciado por Francisco, e que “os fiéis também estão mais convencidos e preparados para dizer ‘isto não pode ser assim’”.
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“Não é por uma questão de reação e de conflito, é para criar formas novas de exercer autoridade na Igreja”, explica o presidente da CEP em entrevista à Renascença. No seu entender, “a questão da autoridade é muito importante, porque é aquela que nos coloca como irmãos ou numa hierarquia de superiores e inferiores”.
Questionado sobre “a Terceira Guerra Mundial aos pedaços” descrita por Francisco, D. José Ornelas aponta o exemplo de Gaza, onde considera que é necessária a “mediação de uma corresponsabilidade na construção da paz” pelas partes envolvidas.
“Veja o que está acontecendo agora em Gaza, a Igreja lá tem pouco poder”, indica o bispo, lembrando que “a questão da paz não é uma questão de poder, é uma questão de chegar a consensos de paz”.
Ainda sobre a influência mundial das palavras de Francisco, D. José Ornelas recorda uma imagem que marcou o funeral do Papa, que colocou frente a frente Donald Trump e Volodymyr Zelensky.
“Pelo menos que depois das polémicas dos últimos dias, e de comunicados contraditórios e de certo modo com pouca esperança lá dentro, este facto de se encontrarem aqui, eu quero esperar que seja um sinal que conduza verdadeiramente a passos decisivos para se encontrar a paz na martirizada Ucrânia, e que leve a razão toda esta insanidade desta guerra”, deseja D. José.