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Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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​Venha quem vier

Novas Crónicas da Idade Mídia

​Venha quem vier

28 mar, 2025 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


Esta semana n'As Novas Crónicas da Idade Mídia estiveram em destaque as buscas na Federação Portuguesa de Futebol, a "provocação" de José Rodrigues dos Santos a Paulo Raimundo, o regresso à política ativa de Louçã, Rosas e Fazenda e o caso do jornalista adicionado ao grupo de mensagens onde se discutiam planos militares confidenciais para ataques no Iémen.

A sede da Federação Portuguesa de Futebol foi alvo de buscas no dia da tomada de posse de Fernando Gomes como presidente do Comité Olímpico Português. Nunca a tomada de posse do presidente do CO tinha suscitado tanta atenção, com os Media mobilizados para o CCB. Presente na cerimónia, o diretor nacional da PJ falou aos jornalistas ao lado de Fernando Gomes, garantindo que o ex-presidente da FPF não tem nada a ver com o assunto. Nem Tiago Craveiro, à época o seu braço direito. O que levou o diretor nacional da PJ a uma atitude tão inusitada? Terá sido a necessidade de desmentir a SICN que assegurava que Gomes e Craveiro eram arguidos no processo? O poder e a influência do futebol? Tratou-se de um erro clamoroso de comunicação de Luís Neves ou foi só despropósito? Despropósito, certamente; erro, logo veremos.

Paulo Raimundo foi ao Telejornal, no âmbito da caminhada para as Legislativas 2025 que a RTP está a promover com os líderes partidários. “Já está?" perguntou o secretário-geral do PCP quando Rodrigues dos Santos deu a entrevista por terminada, depois de 10 minutos de perguntas sobre as posições dos comunistas em relação à Ucrânia. O PCP quer ver reparada a “provocação”. O jornalista não comenta. A RTP diz que não tem nada a dizer. Se é verdade que um entrevistador tem autonomia total para perguntar o que entender, parece evidente que a expectativa de Raimundo e dos espectadores foi defraudada. O convite aos líderes partidários tinha como objetivo ouvi-los sobre as eleições de maio. Menos o PCP, pelo visto.

A campanha eleitoral começa a fervilhar de emoções: Louçã foi ao “Gozar com quem trabalha…” inaugurar os tempos de antena, por antecipação. Foram 20 minutos de Louçã no seu “momento Chavez”. Montenegro foi ao programa de Manuel Luís Goucha indignar-se e reafirmar a sua natureza incorruptível. Pedro Nuno Santos foi à CNNP fazer uma entrevista, que também era um debate com dois comentadores. Um modelo de fusão que confunde géneros. Estarão os meios tradicionais a ceder à lógica das redes sociais? Exemplo recente: o agenciador que angariava proveitos para si próprio foi identificado na televisão como sobrinho de Pedro Santana Lopes. Parece começar a ser uma tendência.

Stephen Graham, um dos autores de Adolescência e, na ficção da Netflix, pai do protagonista, tem-se desdobrado em entrevistas aos Media de todo o mundo. No Reino Unido, o tema já chegou ao Parlamento. As rádios, jornais e televisões portuguesas têm-se ocupado do caso e refletido sobre os perigos suscitados pela série. Há quem se preocupe com o alarme social que a atenção dos Media possa desencadear. Dada a dimensão do que pode estar em jogo para o futuro desta geração de adolescentes, capturada pelas redes sociais, o caso é para alarme.
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) não deixa muita margem para dúvidas: aumentou a criminalidade violenta; cresceu a violência perpetrada por adolescentes e entre eles. Ainda esta semana (5ªfeira, 27) a PJ anunciou a detenção de três jovens que se filmaram a violar uma menor de 16 anos em Loures e divulgaram o vídeo nas redes sociais. A vítima era seguidora dos “supostos influencers”.

Michael Waltz adicionou o jornalista Jeffrey Goldberg ao grupo de troca de mensagens na rede Signal, onde destacadas autoridades da administração norte-americana partilharam informações detalhadas sobre o plano do ataque ao Iémen. O editor-chefe da revista Atlantic só publicou a informação depois do ataque ter sido realizado, quando confirmou que não estava perante perfis falsos. Apesar do comportamento exemplar, Goldberg foi imediatamente considerado “mentiroso”. Trump chamou-lhe “canalha” e Michael Waltz “escória”. A reação do Secretário da Defesa, Peter Hergseth, perante os jornalistas é deplorável. Tentou desacreditar o jornalista, cobrindo-o de lama. Trump veio dizer que não gosta da revista dele e assegura que vai falir.

“Intransigência e até de uma certa prepotência” é como Mário Ferreira caracteriza a atitude das empresas de telecomunicações na relação com as televisões. O presidente da TVI explica que há um desequilíbrio entre quem produz e quem distribui. É verdade. Mas foi a televisão que se colocou nas mãos destes operadores. Na Conferência do ECO Local, no Porto, sobre o futuro da Comunicação Social, Mário Ferreira considerou concorrência desleal a transmissão de jogos de futebol pela RTP. Veremos como se organizam as televisões, no futuro, com a centralização dos direitos da Liga de futebol.

O PSD teve um excelente resultado nas regionais (domingo, 23) e vai governar a Madeira com o CDS, em maioria absoluta. Aparentemente, valeu a pena o esforço da República e a paciência dos madeirenses. No Continente, para as legislativas de maio, PSD e CDS dispensaram o PPM de Câmara Pereira e criaram a Nova AD, sigla que aparecerá nos boletins de voto.
Pedro Nuno Santos mandou fazer um cartaz em que o PS escreve que o atual secretário-geral é o futuro.
Montenegro interpôs uma providência cautelar para remover os cartazes do Chega. Ventura diz que “o primeiro-ministro convive mal com a liberdade de expressão”. O insulto inscreve-se na liberdade de expressão? Não parece. Mas faz sentido substituir o combate político pelos Tribunais?
No atual quadro de desconfiança, é sensato o PSD levar Hernâni Dias como cabeça de lista? O Bloco resgata para a política ativa Louçã, Rosas e Fazenda, três pesos pesados da fundação do partido. Venha quem vier, a disputa será entre Montenegro e Pedro Nuno Santos.

No suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, qual o sentido de antecipar para 17 anos de idade o acesso à licença de condução? E conduzir pesados aos 18? Louçã candidata-se por Braga “porque há um fascista na Casa Branca”. Rosas por Leiria e Fazenda por Aveiro porque é que se candidatam? Porque é que o pombo Gyokeres, que se sagrou campeão do Mundo, não abriu os telejornais? Ainda por cima reforçado pelo vistoso 8º lugar da sua pomba Inês Aguiar. “Palmeiras em sofrimento…na noite em que a Primavera estava a chegar, o Inverno era posto na rua”. Poesia? Não. O kit de sobrevivência que as autoridades aconselham todos os portugueses a terem em casa deve incluir um rádio a pilhas. A rádio sempre foi um fator de coesão nacional.

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